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Zimbábue acusa Londres de "genocídio"

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postado em 12/12/2008 14:34
HARARE - O ministro da Informação do Zimbábue, Sikhanyiso Ndlovu, afirmou nesta sexta-feira (12/12) que a epidemia de cólera, que deixou quase 800 mortos no país, é o mesmo que "um genocídio", e acusou a Grã-Bretanha de conduzi-lo. "A epidemia de cólera no Zimbábue é uma força de guerra química e biológica, um genocídio britânico contra o povo zimbabuano", declarou Ndlovu durante uma entrevista coletiva em Harare. "Trata-se de um genocídio contra nosso povo", insistiu. Na véspera, o presidente Robert Mugabe declarara o fim da epidemia de cólera, mas seu porta-voz voltou atrás nesta sexta-feira, afirmando que as declarações do chefe de Estado eram "sacrásticas". Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), a epidemia que começou no Zimbábue no início de agosto "ainda não está sob controle". Segundo a OMS, 792 pessoas já morreram e 16.700 estão infectadas no país africano. "O cólera é um ataque racista contra o Zimbábue, planejado pelos antigos colonizadores que recrutaram seus aliados americanos e ocidentais para que possam invadir o país", alegou Mugabe. "Gordon Brown (o primeiro-ministro britânico) deve ser levado ao Conselho de Segurança da ONU por ter ameaçado a paz mundial e propagado o cólera e o antraz com o objetivo de invadir o Zimbábue, nosso tão pacífico Zimbábue", sustentou. Transmitida pelas águas usadas, a doença também está progredindo na África do Sul, onde 11 pessoas morreram, segundo a OMS. Segundo diversas agências internacionais, 60.000 pessoas podem ser infectadas nas próximas semanas. Soma-se a isto o fato de que cerca de cinco milhões de zimbabuanos vão precisar de uma ajuda alimentar a partir de janeiro. Esta crise humanitária, que revela a degradação das redes de água, de tratamento e do sistema de saúde no Zimbábue, acontece num país assolado por um marasmo econômico e uma paralisia político. A oposição zimbabuana criticou nesta sexta-feira os comentários "negligentes e imprudentes" de Mugabe sobre o cólera. "A epidemia ainda está entre nós e está se estendendo rapidamente pelas principais cidades e povos", disse Henry Madzorera, secretário da saúde do Movimento para a Mudança Democrática (MDC), principal força da oposição. "Tais declarações negligentes e imprudentes não ajudam", acrescentou em um comunicado.

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