postado em 14/12/2008 12:21
O processo de reconstrução do Iraque, no qual os Estados Unidos investiram US$ 100 bilhões, foi um enorme fracasso e o Pentágono chegou inclusive a "maquiar" os progressos, indica um relatório federal revelado neste domingo em matéria na capa do site aberto do jornal The New York Times. As diferenças entre as agências governamentais, a ignorância de aspectos básicos da sociedade iraquiana e a insegurança do país foram as causas do fracasso, segundo o texto do Escritório do Inspetor Geral Especial para a Reconstrução do Iraque, liderado por Stuart Bowen, e até agora não publicado.
Uma das conclusões do documento é de que quando os números da reconstrução começaram a ficar estagnados, especialmente na reorganização do Exército e da Polícia iraquianos, o Pentágono inflou os progressos para mascarar o fracasso, afirma em seu site o NY Times, que assegura ter recebido cópias de duas fontes oficiais.
O relatório cita o ex-secretário de Estado Colin Powell, que disse que nos meses posteriores à invasão iraquiana em 2003 o Departamento de Defesa "continuou inventando números das Forças de Segurança iraquianas - o número aumentava em 20 mil por semana. Agora temos 80 mil, agora temos 100 mil, agora temos 120 mil". A afirmação de Powell de que o Pentágono engordou os números foi respaldada pelo ex-comandante das tropas no Iraque Ricardo Sánchez e pelo administrador civil do país antes da criação em 2004 do novo governo iraquiano, Paul Bremer.
Em suas conclusões, o relatório assegura que cinco anos depois do início de seu maior projeto de reconstrução no exterior desde o Plano Marshall na Europa no final da Segunda Guerra Mundial, o governo dos EUA não tem nem as políticas nem a capacidade técnica e estrutura organizativa necessárias para levá-lo a cabo.
Os esforços serviram para reconstruir pouco mais do que se destroçou durante a invasão dos EUA e o posterior saque, acrescenta o relatório obtido pelo NY Times, ao assegurar que parte do fracasso se deve ao fato de que não houve uma agência governamental que assumisse a responsabilidade desde o início. O relatório, chamado "Duras lições: a experiência da reconstrução iraquiana", foi elaborado pelo escritório de Stuart Bowen, que visitou freqüentemente o Iraque. As informações são do site aberto do New York Times.