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China quer seguir adiante com reformas iniciadas há 30 anos

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postado em 18/12/2008 14:42
PEQUIM - O presidente chinês, Hu Jintao, afirmou nesta quinta-feira (18/12) que a China continua comprometida com as reformas que lhe permitiram se tornar um dos gigantes econômicos do planeta, mas "com uma preocupação de estabilidade" e sob a batuta do Partido Comunista no poder. "É impossível voltar atrás. O desenvolvimento futuro da China deve depender da reforma e da abertura", declarou o chefe de Estado e secretário-geral do Partido Comunista Chinês, durante uma cerimônia para celebrar o 30º aniversário do lançamento das reformas. Contudo, em discurso de mais de uma hora e meia pronunciado diante de 6.000 convidados em Pequim, Hu Jintao também colocou limites a esta abertura, destacando que ela tem que vir junto com estabilidade e continuar sob a direção do Partido Comunista no poder. "Nos demos conta de que o desenvolvimento é a lógica de base, e a estabilidade a tarefa de base. Sem estabilidade, não podemos fazer nada, e perderemos tudo que ganhamos", afirmou. "Nosso partido seguirá sendo a coluna vertebral de todos os grupos étnicos nacionais para administrar os diversos riscos e desafios, externos ou internos, e continuará sendo a base no processo histórico de desenvolvimento do socialismo segundo as características chinesas", prosseguiu. Em seu discurso, repleto de referências ao marxismo e ao socialismo, o presidente Jintao enumerou as profundas mudanças, sobretudo econômicas, que surgiram na China desde o lançamento das reformas sob a batuta do ex-dirigente chinês Deng Xiaoping. Ele se referiu principalmente à reunião mantida pelo Partido Comunista de 18 a 22 de dezembro de 1978, durante o qual foram ratificadas as reformas. Esta reunião "marcou uma nova etapa na história do partido" desde a instauração da República popular da China, em 1949. Em 1978, a China estava começando a emergir do caos da Revolução Cultural (1966-1976), com um Produto Interno Bruto (PIB) de apenas 364 bilhões de yuans. Em 2007, a China declarou um PIB mais de 68 vezes superior, de 24,953 trilhões de yuans (3,421 bilhões de dólares, segundo o câmbio do fim de 2007). "O crescimento médio anual foi de 9,8%, ou seja, mais de três vezes a média mundial. A economia chinesa se tornou a quarta maior do mundo", ressaltou o chefe de Estado. "Não deixamos de nos abrir para o exterior e viramos uma página histórica, ao passar do fechamento à abertura em todos os setores", afirmou. "Hoje o povo chinês está no caminho da prosperidade e da felicidade. O socialismo de características chinesas mostrou seu vigor e sua vitalidade", considerou. No entanto, "ainda temos um longo caminho para percorrer antes de alcançar nosso grande objetivo. Não podemos relaxar", alertou o presidente chinês, mencionando a persistência da pobreza e das graves desigualdades entre zonas urbanas e rurais no país. Há 30 anos, as reformas foram lançadas primeiro no campo, com o início da privatização das terras que levou ao desaparecimento dos distritos populares, antes de serem ampliadas a zonas econômicas especiais, criadas para atrair os capitais internacionais e desenvolver o comércio, e de atingir, finalmente, as cidades. De um modo geral, o nível de vida da população cresceu. Porém, as desigualdades também aumentaram, e as autoridades voltaram a insistir nos últimos anos na necessidade de melhorar a situação dos moradores das áreas rurais.

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