postado em 26/12/2008 11:37
A ameaça de uma operação militar israelense ganha força sobre a Faixa de Gaza, onde vivem 1,5 milhão de palestinos sob o controle do grupo radical Hamas. No momento são as considerações táticas que impedem o início da ação.
Caso realmenta aconteça a ofensiva, em represália aos disparos de foguetes palestinos contra o sul do território israelense, esta terá um amplo consenso em Israel, desde que seja limitada.
O Exército hebreu finaliza os preparativos, a defesa passiva estende os sistemas de alerta e a diplomacia prepara o terreno para uma operação que pode provocar vítimas civis.
A oposição de direita sempre defendeu uma ofensiva deste porte. O que chama a atenção agora é o fato de um partido de esquerda, também opositor, como o Meretz pedir o uso da força militar para deter os disparos de foguetes e do escritor Amor Oz, uma figura reconhecida da esquerda, afirmar que "Israel deve defender seus cidadãos".
O primeiro-ministro Ehud Olmert anunciou que vai examinar a situação da Faixa de Gaza no domingo com o gabinete de segurança e os ministros. O ministro da Defesa, Ehud Barak, e a chanceler Tzipi Livni estarão presentes na reunião extraordinária.
Segundo a imprensa, o Exército israelense descarta a hipótese de uma ofensiva terrestre em larga escala, mas está disposto a executar ataques contra alvos específicos do Hamas, combinando bombardeios aéreos com incursões de blindados e de infantaria.
Os analistas militares consideram que o tempo nublado adiará o início das operações por dificultar a vigilância da área a partir dos aviões, com ou sem piloto, e a partir dos postos fixos.
Para eles, a passagem de caminhões de abastecimento de Israel para Gaza e uma redução da intensidade dos disparos de foguetes palestinos não bastarão para deter o mecanismo de escalada.
Israel permitiu nesta sexta-feira a passagem de três comboios com ajuda humanitária para a Faixa de Gaza.
Os comboios, 90 caminhões no total, cinco deles egípcios, transportavam produtos de primeira necessidade e combustível. Os veículos cruzaram as passagens de fronteira de Karni, Nahal Oz e Kerem Shalon, pelas quais transitam as ajudas procedentes do Egito.
Ao mesmo tempo, nesta sexta-feira mais de uma dezena de foguetes e obuses de morteiro palestinos caíram no sul de Israel, sem provocar vítimas, de acordo com o Exército hebreu.
Segundo o canal público de televisão israelense, a autorização da passagem de mantimentos e combustível para Gaza foi motivada pelos pedidos internacionais, principalmente de França, Grã-Bretanha e Egito, que Tzipi Livni viajou na quinta-feira.
Israel impõe um bloqueio à Faixa de Gaza, onde vivem 1,5 milhão de habitantes, desde que o Hamas assumiu o controle do território, em junho de 2007, e expulsou as forças do partido moderado Fatah, do presidente palestino Mahmud Abbas.
O Estado hebreu afirma fazer todo o necessário para evitar uma crise humanitária no território, mas reforça o bloqueio cada vez que os grupos palestinos retomam os disparos de foguetes. Livni anunciou na quinta-feira que o país aplicaria represálias contra os ataques do Hamas.
"Já basta! A situação vai mudar", declarou Livni depois de uma reunião com o presidente do Egito, Hosni Mubarak, sobre a situação na Faixa de Gaza, de onde aumentam a cada dia os disparos de foguetes contra Israel depois do fim de uma trégua de seis meses, no dia 19 de dezembro, entre Israel e o Hamas negociada pelo Cairo.
O Hamas respondeu que não teme as ameaças israelenses.
"São os usurpadores sionistas e não os palestinos ou o Hamas que pagarão o preço das idiotices ditas por Livni", afirmou o porta-voz do grupo radical, Fawzi Barhum.
O Egito reforçou as medidas de segurança na fronteira com a Faixa de Gaza por temer que os habitantes do território palestino forcem a entrada no país, como fizeram em janeiro deste ano.