postado em 27/12/2008 09:20
Aviões de guerra israelenses conduziram neste sábado (27/12) uma série de ataques aéreos sem precedente contra dezenas de complexos de segurança do grupo islâmico Hamas em Gaza, matando mais de 145 pessoas e ferindo outras 310. Os ataques provocaram pânico e confusão, com nuvens negras cobrindo Gaza. Alguns dos mísseis atingiram regiões densamente povoadas, onde crianças saíam das escolas. Na Cisjordânia, Mahmoud Abbas, presidente palestino, condenou a agressão e pediu moderação, segundo um assessor, Nabil Abu Rdeneh.
Em um dos complexos atingidos do Hamas, corpos de mais de uma dúzia de oficiais de segurança uniformizados espalhavam-se pelo chão. Entre os mortos estava o chefe da polícia de Gaza. O Hamas, que violentamente tomou o controle de Gaza em junho de 2007, prometeu resposta e Israel recomendou aos civis próximos a Gaza que se protejam. O Egito abriu sua fronteira com Gaza para permitir que ambulâncias retirassem alguns dos feridos. Oficiais do Hamas disseram que todos os complexos de segurança em Gaza foram destruídos.
A Rádio do Exército de Israel citou pelo menos 40 alvos. O ataque foi confirmado pelo Exército de Israel, que não deu detalhes. Israel tinha alertado nos últimos dias que responderia com firmeza se o Hamas continuasse atirando foguetes contra cidades na fronteira de Israel. "Faremos o que temos de fazer", disse um porta-voz do exército, Avi Benayahu. O Hamas disse que irá revidar com mais ataques de foguetes e enviando suicidas a Israel. "O Hamas continuará resistindo até a última gota de sangue", disse o porta-voz do grupo Fawzi Barhoum, na rádio de Gaza.
O primeiro ataque foi conduzido próximo ao meio-dia local, quando crianças saíam da escola, e seguido por vários outros. Normalmente os complexos de segurança do Hamas ficam próximos a áreas civis. Várias pessoas correram para as regiões atingidas para ajudar a mover os feridos aos hospitais. As redes de televisão mostraram os hospitais de Gaza lotados de pessoas, enquanto civis traziam feridos em seus automóveis, vans e outros chegam em ambulâncias. "Estamos tratando das pessoas no chão, nos corredores. Precisamos de mais espaço. Não sabemos quem está aqui e quais são as prioridades", disse um médico no principal hospital da cidade.
Relações conflituosas
Israel deixou Gaza em 2005 após 38 anos de ocupação, mas a retirada não melhorou a relação do país com os palestinos no território como as autoridades israelenses esperavam. Ao invés disso, a retirada foi sucedida por aumento nos ataques de militantes contra comunidades na fronteira com Israel, provocando resposta do exército israelense.
O último ataque de Israel, ocorrido entre o final de fevereiro e o início de março deste ano, levou ambos lados a propor um cessar-fogo, que durou seis meses e começou a ruir em novembro. Com 200 ataques de morteiros e mísseis contra a fronteira israelense desde que o cessar-fogo acabou, na semana passada, e 3 mil desde o início do ano, a pressão cresceu em Israel para uma ação militar. Os líderes israelenses fizeram várias ameaças nos últimos dias e consideram o Hamas responsável pela situação.