postado em 29/12/2008 10:11
GAZA - Israel, comprometido em uma "guerra sem piedade" contra o Hamas, bombardeou a Faixa de Gaza nesta segunda-feira (29/12) pelo terceiro dia consecutivo, em um conflito que já matou 312 pessoas, 51 delas civis, ao mesmo tempo que cresce a perspectiva de ataques terrestres.
A área de fronteira com Gaza foi declarada "zona militar fechada" pelo Exército israelense, uma medida que pode ser considerada o prelúdio de operações terrestres. "Não temos nada contra os habitantes de Gaza, mas estamos comprometidos em uma guerra sem piedade contra o Hamas e seus aliados", declarou o ministro israelense da Defesa, Ehud Barak, na Knesset (Parlamento).
Depois de uma série de bombardeios noturnos, os aviões israelenses executaram novos ataques na Faixa de Gaza na manhã desta segunda-feira, destruindo o gabinete do primeiro-ministro do governo do Hamas, Ismail Haniyeh.
Durante a noite, um avião israelense bombardeou a Universidade Islâmica de Gaza - considerada um reduto do movimento radical islâmico Hamas - e uma mesquita em Jabaliyah, norte do território. Cinco meninas da mesma família, com idades entre um e 12 anos, que moravam perto do templo, morreram neste ataque.
Segundo o último balanço anunciado pelo diretor dos serviços de emergências da Faixa de Gaza, Muauiyah Hasanein, os ataques aéreos israelenses desde sábado deixaram um total de 312 mortos e 1.420 feridos.
A maioria das vítimas fatais é de integrantes do Hamas, mas entre elas também estão muitos civis, incluindo crianças. A ONU, com base em dados obtidos com fontes médicas, afirmou que entre os mortos 51 eram civis.
"Fizemos um balanço de vítimas civis de fontes médicas e dos hospitais. São 51 mortos, entre eles mulheres e crianças", afirmou Christopher Gunness, porta-voz da UNRWA, a Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos.
"Lamentamos muito que existam vítimas civis, embora não sejam numerosas. Não queremos atacar mulheres, crianças, homens; e não impedimos a ajuda humanitária", afirmou Barak na Knesset.
"A contenção que temos observado é uma fonte de força. Lutamos com uma vantagem moral. Eles disparam contra civis deliberadamente. Nós encurralamos os terroristas e evitamos, na medida do possível, atingir civis quando a gente do Hamas atua e se esconde intencionalmente em meio à população", acrescentou.
Israel iniciou na manhã de sábado uma operação contra o Hamas na Faixa de Gaza, de uma violência sem precedentes desde a ocupação dos territórios palestinos pelo Estado hebreu em 1967, com o objetivo declarado de acabar com os disparos de foguetes contra o sul do país a partir deste território palestino.
O movimento radical islâmico Hamas controla Gaza desde junho de 2007, quando expulsou as tropas leais ao presidente palestino Mahmud Abbas. Com a ameaça latente de uma ofensiva terrestre, Israel convocou no domingo 6.500 reservistas. Nesta segunda-feira foram deslocados para a fronteira com a Faixa de Gaza reforços de infantaria e carros blindados.
O Hamas respondeu com novos disparos de foguetes. Em Ashkelon, a 13 km da Faixa de Gaza, um operário árabe israelense morreu e oito civis ficaram feridos na explosão de um destes projéteis. Esta foi a segunda vítima fatal civil em conseqüência dos disparos palestinos em Israel desde o início dos ataques aéreos.
Em um comunicado divulgado em Gaza, o braço armado do Hamas afirmou ter lançado quatro foguetes do tipo Grad contra Ashkelon. Vinte foguetes disparados a partir de Gaza caíram nesta segunda-feira no sul de Israel.