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Hamas, força política e militar inquestionável em Gaza

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postado em 02/01/2009 10:29
GAZA - O movimento islâmico Hamas, que enfrenta uma ofensiva israelense na Faixa de Gaza, impôs-se desde a vitória nas legislativas de 2006 como força inquestionável no tabuleiro de xadrez palestino. O Hamas, que controla Gaza desde junho de 2007, recusou-se a prolongar em 19 de dezembro a trégua com Israel, acusando o Estado hebreu de manter o território palestino sob bloqueio. Desde sábado, os ataques israelenses deixaram mais de 420 mortos. Inimigo jurado de Israel por ser considerado organização terrorista, o Hamas viu sua popularidade aumentar nos territórios palestinos e sobretudo em Gaza nos últimos anos em detrimento do Fatah de Mahmud Abbas, apoiado pelo Ocidente. Acrônimo em árabe de "Movimento da Resistência Islâmica", o Hamas, cujo chefe Khaled Mechaal mora em Damasco, desenvolveu uma ampla rede de ajuda social a instituições, principalmente escolas. Esta rede explica a influência crescente desde sua criação em 14 de dezembro de 1987, pouco depois do início da primeira Intifada, a revolta palestina, por um grupo de militantes chamado "Irmãos muçulmanos". Pela primeira vez, os principais dirigentes do Hamas manifestaram publicamente apoio aos Irmãos muçulmanos em um ato em Gaza que marcou o 21º aniversário do movimento, dia 14 de dezembro passado. Oposto ferrenho aos acordos de Oslo de 1993 que desembocaram na criação da Autoridade Palestina, o Hamas defende a criação de um Estado islâmico ocupando a área total da Palestina histórica, do Mediterrâneo à Jordânia, ou seja englobando Israel, do qual prega a destruição. O Hamas é responsável pela grande maioria dos atentados suicidas contra israelenses nos últimos anos e assume inúmeros tiros de foguetes e obuses de morteiro lançados de Gaza contra o sul de Israel. O movimento se diz pronto a aceitar um Estado palestino nos territórios ocupados em 1967 por Israel, mas sem reconhecer a existência de um Estado hebreu. Em 2006, o Hamas criou uma Força executiva para contra-atacar a supremacia do Fatah sobre os órgãos de segurança, cujo controle foi uma das principais causas do conflito entre os dois movimentos rivais que terminou na violenta tomada do controle de Gaza pelo movimento islamita em 2007. Em 18 meses no poder, reforçou seu controle em Gaza, onde dispõe de importantes serviços de segurança empregando milhares de fiéis, sem esquecer o braço militar do movimento, as Brigadas Ezzedine Al-Qassam. O governo que formou, dois meses após sua vitória nas legislativas de janeiro de 2006, foi boicotado financeira e diplomaticamente pela comunidade internacional, pois o Hamas está na lista das organizações terroristas da União Européia e dos Estados Unidos. Quando a situação econômica e humanitária decorrente do boicote piorou em Gaza, a luta pelo poder entre o Fatah e o Hamas se traduziu na prática por enfrentamentos que deixaram centenas de mortos. O chefe do governo do Hamas, Ismaïl Haniyeh, e Mahmoud Al-Zahar são os dirigentes islâmicos mais conhecidos em Gaza. O fundador e chefe espiritual do Hamas, Ahmad Yassine, e seu sucessor Abdelaziz al-Rantissi foram assassinados por Israel em 2004.

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