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Sri Lanka toma a 'capital' Kilinochchi dos rebeldes tâmeis

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O Sri Lanka tomou nesta sexta-feira Kilinochchi, a "capital" política dos rebeldes tâmeis no norte do país, e pediu que a guerrilha entregue as armas, advertindo que isso não acontecer ela será totalmente esmagada ainda este ano, depois de 37 anos de conflito separatista. "Trata-se de uma vitória sem precedente para a nação", proclamou o presidente cingalês, Mahinda Rajapakse, logo depois do anúncio da queda de Kilinochchi após meses de duros combates entre os Tigres de Libertação do Eelam Tâmil (LTTE) e as tropas de Colombo. "Pela última vez, digo aos LTTE que entreguem a armas e se rendam", declarou. Os Tigres admitiram a perda de Kilinochchi. "O Exército de Sri Lanka entrou numa cidade fantasma, pois toda a infra-estrutura civil e o quartel-general dos LTTE haviam sido deslocados para o nordeste", declararam os separatistas em seu site, Tamilnet. A tomada de Kilinochchi é o ponto alto de uma ofensiva lançada no maior segredo em março de 2007, explicou o chefe do Exército cingalês, o general Sarath Fonseka. "Não levaremos mais de um ano para eliminá-los totalmente", garantiu o general, ressaltando que 1.500 rebeldes foram mortos desde março passado. Os balanços de vítimas são inverificáveis, já que o acesso à zona de guerra é proibido à imprensa e às organizações humanitárias. Dois batalhões das forças cingalesas tomaram Kilinochchi pela manhã. Em dez anos, os LTTE tinham transformado a cidade em sua capital política, com repartições públicas, forças de polícia, tribunais e até estabelecimentos bancários. O general frisou que dezenas de operações aéreas foram realizadas sobre o distrito de Mullaittivu, onde os Tigres se estabeleceram. Apesar de os LTTE serem considerados uma organização terrorista pelos Estados Unidos e a União Européia, agências das Nações Unidas e organizações humanitárias tiveram acesso a Kilinochchi até setembro de 2008, quando foram obrigadas a se retirar sob a pressão de Colombo. Os rebeldes controlam agora uma área de 40 km² na província de Mullaittivu, onde estão suas infra-estruturas militares, reconheceu o Exército. A tomada de Kilinochchi constitui o pior revés para os separatistas tâmeis, após quase quatro décadas de conflito nesta ilha de 20 milhões de habitantes ao sudeste da Índia, colônia britânica até 1948. Os LTTE, hinduístas, lutam desde 1972 pela independência do norte e do nordeste do Sri Lanka, um país povoado por 75% de cingaleses budistas. Pelo menos 70.000 pessoas foram mortas desde o início do conflito, milhares delas desde a nova onda de violência que começou no fim de 2005, quando foi eleito o presidente nacionalista Rajapakse. O Sri Lanka sempre subestimou o poder ofensivo dos LTTE. O Exército acumula as vitórias, mas enfrenta uma dura resistência dos Tigres liderados por Velupillai Prabhakaran, que prometeu em novembro expulsar os militares cingaleses. Além de atentados suicidas, os rebeldes conduziram ataques aéreos humilhantes contra infra-estruturas do Exército.