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Ofensiva israelense provoca reações em todo o mundo

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postado em 04/01/2009 16:33
PARIS - A ofensiva israelense na Faixa de Gaza provocou neste domingo reações de preocupação e apelos ao cessar-fogo em todo o mundo, mas Israel conta com o apoio incondicional dos Estados Unidos, que bloquearam qualquer condenação das Nações Unidas. Manifestações contra a operação israelense reuniram dezenas de milhares de marroquinos em Rabat, quase 5.000 líbios em Trípoli e o mesmo número de australianos em Sydney e em Melbourne. Dezenas de milhares de turcos protestaram em Istambul, e outros milhares se manifestaram na Indonésia, o maior país muçulmano do planeta. Os esforços para encontrar uma solução diplomática são concentrados em três missões distintas: uma européia, outra conduzida pelo presidente francês, Nicolas Sarkozy, e a terceira protagonizada por um emissário russo enviado em emergência à região neste domingo. Aliados incondicionais de Israel, os Estados Unidos impediram na noite de sábado no Conselho de Segurança da ONU a aprovação de um texto condenando a ofensiva, posicionando-se simplesmente em favor de "um cessar-fogo duradouro o mais rápido possível". Porém, advertiu Washington, tal cessar-fogo não deve permitir a volta da situação que prevalecia na região antes do ataque israelense. As tropas de Israel entraram na Faixa de Gaza na noite deste sábado (4/1), após oito dias de bombardeios, para tentar acabar com os disparos de foguetes palestinos contra o Estado hebreu. A delegação européia comandada pelo chanceler tcheco, Karel Schwarzenberg, conclamou neste domingo em Praga as duas partes a instaurarem um cessar-fogo. O direito de Israel de se defender "não autoriza ações que afetem os civis", considerou mais cedo a presidência tcheca da União Européia (UE). Em caso de acordo, a UE está disposta a enviar uma missão de observadores internacionais para garantir a paz, destacou o chefe da diplomacia européia, Javier Solana. Num momento em que Sarkozy se prepara para efetuar, segunda e terça-feira, uma viagem à região para tentar desbloquear a situação, a França "condenou a ofensiva terrestre israelense contra Gaza, como condena o prosseguimento dos disparos de foguetes". Na opinião da França, da Noruega e da Suécia, a escalada militar complica os esforços diplomáticos empreendidos para acabar com os combates. Considerando o momento "muito perigoso", o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, afirmou que "é preciso trabalhar ainda mais para um cessar-fogo imediato". A Espanha "exortou" Israel a pôr um fim à ofensiva terrestre. Outros países europeus se mostraram mais conciliadores com o Estado hebreu. "Condenar Israel não adianta, pois é preciso tratar a questão dos dois lados. Enquanto os ataques com foguetes continuarem, Israel sempre dirá: 'não podemos aceitar isso', e eu entendo esta posição", declarou o primeiro-ministro holandês, Jan Peter Balkenende. Da mesma forma, a Alemanha defendeu um cessar-fogo que garanta "a segurança de Israel a longo prazo", acabando com os disparos de foguetes do Hamas e com o contrabando de armas na Faixa de Gaza. Dizendo-se "extremamente preocupada", a Rússia enviou neste domingo um emissário à região para contribuir com os esforços diplomáticos visando a obter um cessar-fogo. O Conselho de Segurança da ONU se reuniu durante quatro horas na noite deste sábado para tratar da situação em Gaza, mas não conseguiu chegar a um consenso sobre um texto pedindo o fim das hostilidades, devido à oposição dos Estados Unidos. "O que aconteceu no Conselho de Segurança foi uma farsa, que mostra a amplitude da dominação exercida pela América e o ocupante sionista sobre as decisões do organismo", reagiu o Hamas. Antes mesmo da reunião de emergência do Conselho, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pedira o fim imediato da ofensiva terrestre israelense. Qualificando a entrada dos tanques israelenses na Faixa de Gaza de "terrível agressão", o Egito - um país muito importante nas negociações - convocou os embaixadores dos cinco países membros permanentes do Conselho de Segurança para protestar contra a ausência de resolução da ONU. Países tão diversos como a China, o Paquistão, a Jordânia e Grécia também pediram o fim imediato das operações militares. O Papa Bento XVI defendeu "uma ação imediata para acabar com a situação trágica atual", e lamentou "a recusa do diálogo" que leva a situações que "prejudicam" as populações. A Turquia "condenou" e considerou "inaceitável" o lançamento da ofensiva terrestre, que, na opinião do Japão, não fará nada além de "piorar" a situação. O primeiro-ministro argelino, Ahmed Ouyahia, acusou o Estado hebreu de cometer "crimes contra a humanidade" contra a população de Gaza, e o presidente do Parlamento iraniano, Ali Larijani, afirmou que a Faixa de Gaza se tornará um "cemitério" para os israelenses.

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