postado em 06/01/2009 10:24
SDEROT - Os policiais e os habitantes observam os danos causados pelo disparo de um foguete palestino, mas ninguém parece prestar muito atenção a um menino que recolhe os restos do artefato, uma atividade que virou o passatempo favorito das crianças de Sderot (sul de Israel).
Yinon Tubi, de 11 anos, revista os arbustos em busca de estilhaços do foguete Qassam que acaba de cair num jardim, depois de ter sido disparado da Faixa de Gaza, submetida há 11 dias a uma violenta ofensiva militar israelense. Poucos minutos são suficientes para que reúna uma impressionante coleção de metais retorcidos.
"Quando cai um Qassam, pegamos os fragmentos para guardar como recordação", explica o menino, mostrando com orgulho uma caixa de munições do exército onde acumula os restos de mais de 50 foguetes. "É como uma competição, a gente disputa quem tem mais pedaços e fragmentos mais bonitos", acrescenta.
Para as crianças de Sderot, uma cidade do sul de Israel que há anos é alvo de disparos palestinos, a busca pelos restos de foguetes é uma brincadeira divertida. Quando os radares israelenses detectam a chegada iminente de um foguete, as sirenes começam a soar e os habitantes têm menos de um minuto para se esconder nos refúgios construídos nas ruas.
Uma vez passado o perigo, Yinon corre para fora para ver o que pode resgatar. "É só seguir a fumaça", explica. Ele mostra uma a uma as peças de sua coleção e destaca o item mais precioso, o primeiro fragmento que encontrou, há 18 meses.
"É um jogo, mas também é uma maneira saudável de controlar o medo", explica o pai do colecionador, Shilav, de 35 anos, professor da escola religiosa do bairro. "Nós não queremos impedi-lo, mas tentamos fazer com que não saiam em busca de foguetes quando ainda estão no ar", acrescenta. "Naturalmente, sonhamos com o dia em que ele possa colecionar algo melhor do que os restos de Qassam".
Entre pedaços de vidro e as telhas quebradas que cobrem o chão, Yinon e um amiguinho comparam suas descobertas. O segundo menino fica encantado com o que parece a ogiva do foguete. "Todo mundo faz isso, tanto os jovens como os mais velhos", diz Yitzak Ben Abu, um estudante de 18 anos. "É triste, mas, ao mesmo tempo, excitante", afirma, acrescentando que os foguetes Grad também atraem colecionadores.
Os Grad são mais precisos e têm um raio de ação superior ao dos Qassam, já que podem alcançar alvos situados a 40 km de distância. Segundo Abu, o exército israelense precisa obter seu objetivo, que é acabar com esses disparos. "Caso contrário, logo começarão a colecionar estilhaços em Tel Aviv", conforma-se.