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Autoridade Palestina não quer retornar a Gaza sob a sombra de Israel

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RAMALLAH - A Autoridade Palestina não aceita a idéia de utilizar a ofensiva israelense contra o Hamas para recuperar o controle da Faixa de Gaza pela força das armas, mas faz todo o possível para impedir que o movimento radical islamita tire proveito político do conflito. O presidente palestino, Mahmud Abbas, descartou a teoria da conspiração ao afirmar ser "inimaginável" uma conivência com Israel para destruir o Hamas com o objetivo de substituí-lo". "Não aceitaremos que a pátria seja reunificada pela força das armas. Se fará apenas pelo diálogo", disse. Para o analista palestino Ghasan Jatib, ex-ministro de Abbas, "não é possível acabar com o Hamas sem uma nova ocupação israelense", o que representaria um "suicídio político" para a Autoridade Palestina. Jatib aprova a vontade de Abbas de dissipar as suspeitas. "Há muitos boatos neste sentido, assim como declarações de dirigentes israelenses que afirmam querer ajudar Abbas a recuperar suas posições em Gaza", afirma. O Hamas controla a Faixa de Gaza desde que, em junho de 2007, expulsou as forças de segurança de Abbas em violentos combates. No dia 30 de dezembro, o presidente egípcio, Hosni Mubarak, também condicionou a reabertura permanente da passagem fronteiriça de Rafah, entre o Egito e o território palestino, ao retorno de representantes da Autoridade Palestina ao terminal. No entanto, o grupo de reflexão International Crisis Group afirma em um relatório que, caso seja concluído um acordo sobre Rafah, "o Hamas insistirá para que ele seja tratado, e não apenas a Autoridade Palestina, como sócio de pleno do acordo", o que consolidaria seu poder em Gaza. Os dirigentes da Autoridade Palestina, profundamente ressentidos com o Hamas, acusam o movimento de incitado a ofensiva israelense com a recusa em prolongar uma frágil trégua com Israel e a retomada imediatamente dos disparos de foguetes contra Israel. A posição, porém, bate de frente com a indignação da população palestina, o que ameaça beneficiar o Hamas. "Para a Autoridade Palestina e para muitos dentro do Fatah (o partido de Abbas), o pior resultado seria que a operação militar israelense prejudicasse apenas parcialmente a capacidade do Hamas, deixando para o mesmo o controle de Gaza e uma importante reserva de apoio nacional e regional, que poderia permitir a ele modificar o equilíbrio de poder", destaca o International Crisis Group. Seguindo ordens rígidas, os serviços de segurança palestinos na Cisjordânia impedem que os militantes do Hamas exibam as bandeiras verdes do movimento durante as manifestações de apoio a Gaza. "Só autorizamos a bandeira palestina", afirma Mahmud Labadi, conselheiro político no ministério palestino do Interior. "É proibido exibir bandeiras do Fatah, do Hamas, ou de qualquer outro partido, como medida para demonstrar a unidade palestina contra a agressão israelense", explica.