postado em 08/01/2009 11:07
GAZA - Foguetes lançados a partir do Líbano caíram nesta quinta-feira (08/01) na região norte de Israel, aparentemente em resposta à ofensiva em Gaza, onde militares israelenses e milicianos do Hamas continuam travando violentos combates.
Ao mesmo tempo, as consultas diplomáticas sobre a proposta egípcia de cessar-fogo ganham força; o chanceler do Egito manifestou esperança em alcançar um acordo dentro de três dias. Três foguetes do tipo Katiusha lançados do Líbano atingiram o oeste da Galiléia (norte de Israel), deixando um saldo de dois feridos leves.
O Exército israelense respondeu o ataque e lançou obuses contra o Líbano. Os disparos procedentes do território libanês não foram reivindicados, mas o Estado-Maior israelense atribui a autoria aos grupos palestinos, em uma reação à ofensiva israelense em Gaza.
Israel relativizou o acontecimento e destacou que não deseja abrir uma segunda frente de batalha. "Os palestinos querem envolver o Líbano em uma escalada e consideramos que o governo e o Exército libaneses devem impedir os disparos", declarou uma fonte militar.
Beirute condenou os ataques e o movimento xiita islamita Hezbollah, alvo de uma guerra por parte de Israel em 2006, negou envolvimento no ataque. Na Faixa de Gaza, a ofensiva israelense entrou no 13º dia. Os confrontos desta quinta-feira se concentram em Beit Lahya e Jabaliya, norte da Faixa. Combates ao norte da cidade de Gaza mataram um oficial israelense.
Desde o início da ofensiva de Israel para impedir os lançamentos foguetes a partir de Gaza, mais de 700 palestinos morreram, segundo fontes palestinas, assim como oito militares israelenses. Cinco ativistas islâmicos faleceram nesta quinta-feira em ações de tanques e da aviação israelense, de acordo com fontes médicas.
Uma mulher de 40 anos morreu e 10 pessoas foram feridas em outro ataque a Beit Lahya. Também foram registrados combates no sul da Faixa, na área de Kissufim, uma passagem entre o território palestino e Israel. Além disso, duas mulheres morreram em um bombardeio em Khan Yunes, sul da Faixa de Gaza.
Durante a noite, o Exército israelense bombardeou os túneis de Rafah, pelos quais entram materiais de contrabando a partir do Egito. Os bombardeios destruíram 18 casas palestinas. Centenas de famílias que residem na área já haviam fugido, depois que o Exército de Israel lançou panfletos de advertência na região.
No campo diplomático, dois representantes de Israel discutirão nesta quinta-feira no Cairo as propostas de cessar-fogo elaboradas pelo presidente egípcio, Hosni Mubarak, e o francês Nicolas Sarkozy.
O plano prevê um cessar-fogo imediato com duração limitada para permitir a abertura de corredores humanitários. Os egípcios se esforçam para obter, ao mesmo tempo, uma trégua permanente e a segurança das fronteiras da Faixa de Gaza antes de uma possível reabertura.
O ministro egípcio das Relações Exteriores, Ahmed Abdul Gheit, declarou ao jornal Al-Hayat que espera um cessar-fogo na Faixa de Gaza nas próximas 72 horas. O Hamas afirma ter "reservas" e considera que o plano egípcio não deve ser encarado como um "tudo ou nada".
Organizações palestinas com sede em Damasco, incluindo o Hamas, afirmaram que a iniciativa egípicia "não constitui uma base válida" para uma trégua, segundo indicou Jaled Abdel Mayid, chefe da Frente de Luta Palestina (FLP) e porta-voz das organizações palestinas com sede em Damasco.
Em Nova York, as negociações entre diplomatas dos Estados Unidos, França, Grã-Bretanha e dos países árabes prosseguem, com a meta de submeter um texto de consenso à votação do Conselho de Segurança da ONU. Na quarta-feira, Israel interrompeu os bombardeios contra a cidade de Gaza durante três horas para permitir a criação de um corredor humanitário.
As agências humanitárias denunciaram uma crise "total" no território pobre e superpovoado, que sofre com a falta de alimentos, combustível, água corrente e contínuos cortes de energia elétrica. O Papa Bento XVI afirmou que a opção militar não é uma solução para guerra em Gaza e pediu um cessar-fogo entre Israel e o movimento islamita Hamas, durante o discurso anual para o corpo diplomático credenciado no Vaticano.