postado em 11/01/2009 19:14
O chanceler brasileiro, Celso Amorin, pediu neste domingo à ministra israelense das Relações Exteriores, Tzipi Livni, uma saída pacífica para a crise na Faixa de Gaza, durante uma reunião em Jerusalém na qual destacou o "valor do Brasil como interlocutor" internacional.
Amorim, cujo governo condena a ação "desproporcional" de Israel em sua guerra contra o movimento radical palestino Hamas e insiste em um cessar-fogo, transmitiu a posição brasileira sobre o conflito, em um encontro que qualificou de "positivo", apesar das "diferenças" entre os dois países.
Em declarações à imprensa, o ministro revelou que disse à Livni que o Brasil "condena, obviamente, os ataques terroristas", mas que não pode ficar "indiferente à morte de tantos civis" na Faixa de Gaza.
"O valor do Brasil como interlocutor foi reconhecido" durante a reunião com a chanceler israelense, destacou Amorim. "Todos os países que são amigos de Israel e dos palestinos" devem trabalhar com a finalidade de "propiciar um clima de paz e convivência", disse Amorim aos jornalistas.
O chanceler informou que tratou com Livni de "dois ou três casos" de brasileiros retidos na Faixa de Gaza que desejam ser evacuados e disse que escreverá uma carta solicitando formalmente à Israel que permita a saída destas pessoas.
Amorim evitou dar detalhes do encontro com Livni até concluir suas reuniões desta segunda-feira, em Ramallah (Cisjordânia), com o premier palestino, Salam Fayyad, e o chanceler palestino, Riad Malki.
A entrevista de Amorim com Mahmud Abbas foi anulada porque o presidente palestino está na Jordânia.
Amorim chegou a Jerusalém procedente da Síria, onde foi recebido hoje pelo presidente Bachar Al Assad e pelo chanceler Walid Muallem, na primeira etapa de seu giro pelo Oriente Médio.
Ao término de seu encontro com Al Assad, o chanceler brasileiro defendeu o "diálogo" e disse que o "primeiro passo que deve ser dado é restaurar a paz" na Faixa de Gaza.
Amorim lembrou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu a realização de uma conferência internacional para encontrar uma solução para o conflito. "Acreditamos na necessidade de realizá-la", disse.
Ao lado de seu colega sírio, Amorim afirmou que Damasco "é um importante interlocutor para a paz na região e deve desempenhar um papel construtivo". A Síria, que não mantém relações diplomáticas com Israel, suspendeu suas conversas indiretas com o Estado hebreu, através da Turquia, em protesto contra a ofensiva israelense em Gaza para desarticular o movimento radical palestino Hamas.
"As situações mais desesperadoras podem ser tratadas de forma positiva quando há vontade política", acrescentou o chanceler, lembrando que o Brasil tem cerca de 10 milhões de habitantes de origem árabe e uma importante e ativa comunidade judaica. "Esta coexistência é parte de nossa realidade", declarou. O chanceler brasileiro viajará na terça-feira a Amã, onde se reunirá com o rei Abdullah II da Jordânia e seu colega Salah Bashir.
Na capital jordaniana, Amorim presidirá a cerimônia de entrega de 14 toneladas de alimentos e medicamentos enviados pelo Brasil às vítimas da ofensiva israelense sobre a Faixa de Gaza. A ação de Israel na Faixa de Gaza, deflagrada em 27 de dezembro, já matou quase 900 palestinos, incluindo centenas de crianças.