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Na última entrevista coletiva, Bush se compara a Lincoln

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postado em 12/01/2009 17:48
Em sua última entrevista coletiva como presidente dos Estados Unidos, George W. Bush rejeitou de maneira veemente hoje as avaliações de que durante seus oito anos na Casa Branca o padrão moral e o prestígio dos EUA no mundo sofreram graves danos. Bush se disse, no entanto, decepcionado com o tom negativo que predominou na política em Washington durante a sua administração. Ele chegou a comparar sua administração com a de Abraham Lincoln (16º presidente dos EUA, que governou entre 1861 e 1865), um dos maiores presidentes americanos. A oito dias de passar o poder para o presidente eleito Barack Obama, Bush defendeu suas decisões sobre a guerra do Iraque, uma questão que ficará como marca da sua presidência como poucas outras. Mais de quatro mil militares americanos já foram mortos no Iraque, além de dezenas de milhares de iraquianos, desde a invasão de 2003 que derrubou o regime de Saddam Hussein. Outros 2,5 milhões de iraquianos foram transformados em refugiados pelo conflito e vivem na pobreza nos países vizinhos. O 43º presidente dos EUA disse que "não encontrar as armas de destruição em massa foi um desapontamento". A acusação de que Saddam buscava obter armas de destruição em massa foi a justificativa de Bush para invadir o Iraque. Nenhuma arma desse tipo foi encontrada. Bush também disse que calculou mal quando fez um discurso de vitória, a bordo de um porta-aviões, após suas tropas derrubarem rapidamente Saddam e ocuparem Bagdá. "Na batalha do Iraque, os EUA e nossos aliados venceram", Bush declarou de maneira triunfal em 1º de maio de 2003, no convés do porta-aviões Abraham Lincoln, ao largo de San Diego. Ele também defendeu sua decisão de enviar em 2007 o reforço de 30 mil soldados americanos ao Iraque, reforço que ajudou a reduzir a violência no país. Abu Ghraib Bush citou a tortura e humilhação de prisioneiros iraquianos na prisão de Abu Ghraib, pelas mãos de soldados americanos, como um dos fracassos do seu segundo mandato. As fotografias foram distribuídas no mundo inteiro e mostraram soldados americanos abusando de todas as maneiras dos detentos na prisão. Abu Ghraib ajudou muito a aumentar a animosidade dos islâmicos contra a invasão americana do Iraque e indignou a opinião pública em muitas nações, especialmente no Oriente Médio, Europa e América Latina. Bush se referiu ao enorme peso que Obama enfrentará, ao descrever o que ele poderá sentir em 20 de janeiro, quando, após fazer o juramento, entrar no Salão Oval pela primeira vez como presidente. "Será um momento no qual a responsabilidade da presidência pousará diretamente sobre seus ombros", disse Bush. Lincoln Questionado sobre o legado que deixará, um dos governos mais polêmicos da história dos EUA, Bush comparou sua presidência à de Abraham Lincoln, que liderou os EUA na sangrenta guerra civil americana (1862-1865), que levou à libertação dos escravos. Lincoln, muito admirado pelos americanos, foi assassinado no Teatro Ford, em Washington, em 1865, por um fanático sulista. "Eu nunca gastei muito tempo me preocupando com as vozes dos críticos. É claro que os escutei mas eles não afetaram minhas políticas", disse Bush. Ele previu que Obama se sentira "desapontado" com a retórica que cresce em Washington e alertou o presidente eleito que ele poderá se desapontar com pessoas que acredita serem seus amigos.

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