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Israel promete usar 'mão de ferro' e o Hamas assegura a vitória -

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postado em 12/01/2009 18:11
Israel ameaçou atacar a Faixa de Gaza com "mão-de-ferro" enquanto continuarem os disparos de foguetes palestinos, advertiu nesta segunda-feira o primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, num momento em que o Hamas assegurou, por sua vez, que "está perto da vitória" contra o Exército de Israel - afirmou o primeiro-ministro do movimento radical islâmico, Ismail Haniyeh, em discurso transmitido pela televisão. "Queremos concluir a operação quando duas condições forem preenchidas: o fim dos tiros de foguetes e do rearmamento do Hamas", afirmou Olmert durante visita ao sul de Israel, alvo dos tiros de foguetes. "Estamos chegando perto da vitória. O sangue puro que foi derramado não foi derramado em vão, porque vai nos trazer a vitória, graças a Deus", declarou Haniyeh em uma intervenção transmitida pelo canal de TV do Hamas no 17º dia da operação israelense, que já deixou mais de 900 mortos. "Digo depois de 17 dias de uma guerra insana que Gaza não será quebrada, e não cairá", acrescentou. Haniyeh também avisou que "o sangue das crianças" que faleceram durante a ofensiva israelense "será uma maldição que vai assombrar (o presidente dos Estados Unidos) George W. Bush". Segundo o chefe dos serviços de emergência em Gaza, Muawiya Hasanein, o conflito já fez pelo menos 917 palestinos mortos, entre eles 277 crianças, e mais de 4.100 feridos . Do lado israelense, três civis e 10 soldados foram mortos e mais de 150 ficaram feridos (exército). Vinte e cinco palestinos teriam morrido hoje vítimas dos ataques das forças israelenses que combatem os ativistas do Hamas nos bairros periféricos da cidade de Gaza, segundo fontes médicas e testemunhas. Tanques israelenses teriam avançado quase cem metros nos bairros de Ajline, Tuffah e Zeitun, enfrentando combatentes palestinos nos três eixos, segundo testemunhas. Houve também confrontos armados no norte da Faixa de Gaza. Um porta-voz de Hamas havia repetido que o governo de Gaza rejeitava a mobilização de uma força internacional em território palestino como parte de um possível acordo de cessar-fogo, ao considerar esta opção como "uma força de ocupação". Israel asegura que através da ofensiva assestou um duro golpe ao Hamas matando mais de 550 combatentes e ferindo outros mil. "O exército está fazendo em 16 dias o que outros países que lutam contra o terrorismo não puderam fazer em 16 anos", afirmou o presidente de Israel, Shimon Peres, em visita a uma base militar. Israel havia mobilizado nesta segunda-feira novos reservistas e adiou a visita de um alto funcionário ao Egito para discutir um cessar-fogo, segundo a imprensa israelense - uma medida interpretada como a introdução de uma "terceira etapa" na ofensiva, com ações no centro das cidades e nos campos de refugiados. De acordo com os meios de comunicação, o governo hesitava em autorizar a "terceira etapa", no momento em que se intensificam os pedidos de cessar-fogo, incluindo o do Conselho de Segurança da ONU, que exigiu o fim das hostilidades em uma resolução aprovada semana passada. No campo diplomático, Israel adiou em um dia a visita ao Cairo de Amos Gilad, alto funcionário do ministério da Defesa que discutiria um eventual cessar-fogo em Gaza. O Egito, que elaborou em coordenação com a França uma iniciativa de cessar-fogo, conversou domingo com uma delegação do Hamas, que rejeitou alguns pontos do plano. De acordo com a rádio pública israelense, o governo de Israel optou pelo adiamento da visita de Gilad para aumentar a pressão militar sobre o Hamas. A situação humanitária permanece trágica na Faixa de Gaza, onde um milhão de pessoas vivem sem energia elétrica, 750.000 carecem de água e os hospitais funcionam graças a geradores, segundo a ONU. O ministro das Relações Exteriores Celso Amorim defendeu nesta segunda-feira a urgência de um cessar-fogo na Faixa de Gaza e expressou a solidariedade do Brasil com o povo palestino, durante uma reunião com o primeiro-ministro palestino, Salam Fayyad, em Ramallah (Cisjordânia). "A tarefa mais urgente neste momento é obter um cessar-fogo", declarou Amorim. O chanceler defendeu a aplicação da resolução aprovada quinta-feira passada pelo Conselho de Segurança da ONU, que pede principalmente uma trégua e a abertura das passagens de fronteira para enviar ajuda humanitária à Faixa de Gaza. Amorim está no Oriente Médio para contribuir na mediação internacional no conflito. "O Brasil quer manifestar seu sentimento de solidariedade com os palestinos, porque são os que mais estão sofrendo nesta guerra, e estimular os esforços internacionais para alcançar a paz", declarou. O chanceler, que mais cedo havia se reunido com o colega palestino, Raid Malik, insistiu na iniciativa do Brasil de organizar uma conferência multilateral para abordar o conflito israelense-palestino em seu conjunto, ao fim da guerra na Faixa de Gaza. "O Brasil é favorável à continuidade do processo de Annapolis", disse a respeito da reunião na cidade americana em novembro de 2007 que marcou a retomada das negociações de paz entre israelenses e palestinos, com a meta de criar um Estado palestino. No entanto, Amorim também defendeu uma "conferência de alto perfil político" que dê um novo estímulo ao processo de paz. O chanceler iniciou a viagem no domingo em Damasco, onde se reuniu com o presidente sírio Bashar al-Assad e seu colega Walid Muallem. No mesmo dia se encontrou em Jerusalém com a chanceler israelense, Tzipi Livni. Na terça-feira ele viajará para à Jordânia para um encontro com o rei Abdullah II e participar na cerimônia de entrega de 14 toneladas de ajuda humanitária que o Brasil doará aos palestinos da Faixa de Gaza. Em Washington, o presidente eleito Barack Obama anunciou que criou uma equipe para dispor, a partir de sua posse em 20 janeiro, "das melhores pessoas possíveis que que poderão comprometer-se imediatamente no processo de paz no Oriente Médio em seu conjunto".

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