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Ex-juíza denuncia que saudita suspeito de terrorismo foi torturado em Guantánamo

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postado em 14/01/2009 10:05
WASHINGTON - Um cidadão da Arábia Saudita, suspeito de envolvimento nos atentados de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos, foi torturado no centro de detenção da base naval de Guantánamo, informa nesta quarta-feira (14/01) o jornal The Washington Post, que citando Susan Crawford, funcionária da administração Bush encarregada de decidir se os detentos de Guantánamo devem ser levados a julgamento. Militares norte-americanos encarregados dos interrogatórios teriam submetido Mohammed al-Qahtani, de 30 anos, a isolamento, privação do sono, nudez vexatória e prolongada exposição ao frio, deixando numa "condições de risco de morte". "Torturamos Qahtani", declarou Crawford ao jornal. "Seu tratamento cumpriu a definição legal de tortura. E, por isso, não conduzi o caso para o procedimento". Qahtani, supostamente o 20º sequestrador nos ataques do 11/9, teve o acesso negado aos Estados Unidos um mês antes dos atentados, mas foi capturado no Afeganistão e transferido de avião para Guantánamo em janeiro de 2002. Foi interrogado durante mais de 50 dias, de novembro de 2002 a janeiro de 2003, e ficou em isolamento até abril de 2003, segundo o Post. "Todas as técnicas que usaram estavam autorizadas, mas a forma que foram aplicadas eram muito agressivas e persistentes", explicou Crawford. "Quando se pensa na tortura, se pensa num ato físico horrendo cometido contra um indivíduo. Isso não foi nenhum ato em particular; isso foi uma combinação de coisas que tiveram um impacto médico nele, que prejudicaram sua saúde. Foi abusivo e foi fora de lugar. E coercitivo. Claramente coercitivo", afirmou Crawford, acrescentando que esse impacto médico pode ser chamado de tortura. Crawford, de 61 anos, é uma juíza aposentada que anteriormente trabalhou para o Pentágono. O secretário de Defesa, Robert Gates, a nomeou em fevereiro de 2007 com a maior autoridade encarregada de decidir se os detentos de Guantánamo deviam ser levados a julgamento. Em maio de 2008 rejeitou as acusações de crimes de guerra contra Qahtani.

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