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Ministro italiano ameaça se acorrentar em protesto por caso Battisti

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postado em 15/01/2009 18:40
O ministro italiano da Defesa, Ignazio La Russa, ameaçou, nesta quinta-feira, acorrentar-se em frente à embaixada brasileira em Roma para protestar pela concessão do asilo político por parte do Brasil ao ex-militante italiano de extrema-esquerda Cesare Battisti. "Não acho que se deva chegar a manifestações desse tipo, mas se for necessário, advirto o embaixador brasileiro na Itália, nós o faremos. Creio que um assunto como o de Battisti não deve ser silenciado", declarou o ministro à imprensa italiana. O ministro La Russa considerou "ofensiva" a decisão do ministro brasileiro da Justiça, Tarso Genro, que concedeu asilo político a Battisti, na terça-feira, com base em "fundados temores de perseguição". O ex-ativista italiano, de 54 anos, era um dirigente dos Proletários Armados pelo Comunismo (PAC) e foi condenado à revelia, na Itália, à prisão perpétua por quatro homicídios que teria cometido entre 1977 e 1979. "Essa decisão põe em risco as relações de amizade entre os dois países", frisou. Vários ministros italianos protestaram energicamente contra a concessão do asilo, entre eles o chanceler Franco Frattini e o ministro da Justiça, Angelino Alfano. O vice-prefeito de Milão (norte), Riccardo De Corato, propôs um boicote aos produtos brasileiros, como uma forma de protesto. "Vamos boicotar os produtos provenientes do Brasil para manifestar nossa inconformidade com o que consideramos uma injustiça. Espero que o governo brasileiro modifique a decisão em poucas horas, do contrário vamos nos ver obrigados a cumprir a medida extrema", frisou. A Itália convocou o embaixador do Brasil, ontem, para manifestar sua indignação e protestar contra a decisão da Justiça brasileira, uma medida sem igual na história recente de ambos os países. Battisti, que foi detido no Brasil em 2007 após fugir da França, onde morou por mais de dez anos e se tornou um famoso escritor de romances policiais, deve sair ainda esta semana da prisão em Brasília e viver no Brasil como refugiado político.

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