postado em 16/01/2009 17:51
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta-feira que o processo democrático deve ser medido pelas garantias dadas aos cidadãos na hora das eleições, e não apenas pelo fato de que uma pessoa possa se candidatar a um cargo várias vezes, dando seu apoio ao projeto de reeleição ilimitada do presidente venezuelano, Hugo Chávez.
"Temos que aprender a respeitar as culturas de cada país, respeitar a vontade de cada povo e ver que um processo democrático não é um cidadão que pode governar, um processo democrático é dar garantias a todos do direito de poder participar (...) nas mesmas condições", declarou Lula.
O governante brasileiro se referia à consulta popular, que deve ser realizada no dia 15 de fevereiro na Venezuela para aprovar uma emenda à Constituição que permite a reeleição ilimitada para presidente e todos os outros cargos de eleição popular.
Lula e Chávez se reuniram nesta sexta-feira em uma "cidade socialista", na localidade de Machiques (estado de Zulia), 500 quilômetros a oeste de Caracas.
"Por que (o presidente colombiano, Álvaro) Uribe também quer um terceiro mandato e ninguém pergunta para ele por quê deseja um terceiro mandato?", indagou Lula, afirmando que apenas governantes de esquerda são criticados ao defender a reeleição indefinida. Chávez, por sua vez, garantiu que sua proposta de emenda respeita o princípio da alternância política.
"O (fator) alternativo de um sistema político é que o povo, os que vão votar, tenha opções diferentes na hora de eleger (...). Sempre que um país tem pelo menos duas opções na hora de escolher, isso já é alternativo", destacou o presidente venezuelano, que já está no poder há dois mandatos.
Apesar de ser sua segunda tentativa de aprovar a reeleição ilimitada, Chávez negou que pretenda se manter no poder na Venezuela. "Não é que eu queira continuar no poder. Aqui há um projeto, há uma democracia, e é o povo que decide quem vai governar", declarou.
Chávez venceu as eleições presidenciais venezuelanas pela primeira vez em 1998, sendo reeleito em 2006. Desde então, parece obcecado com a idéia de voltar a se candidatar à presidência pelo Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) no pleito de 2012, quando se encerra seu segundo mandato - que, de acordo com a atual Constituição venezuelana, deveria ser o último.