postado em 18/01/2009 08:42
;A América não pode resolver os mais graves problemas por si só, e o mundo não pode resolvê-los sem a América;, disse a senadora Hillary Clinton, escolhida pelo presidente eleito Barack Obama para ser secretária de Estado. Na terça-feira, quando for investido no cargo, Obama terá de se preparar para uma longa lista de problemas de ordem internacional aos quais os Estados Unidos precisarão dar respostas.
;Obama tem quase mil desafios para resolver;, disse ao Correio o cientista político David Fleischer, da Universidade de Brasília. Para ele, o principal será reinserir os EUA na comunidade internacional, negociar e procurar consensos nas Nações Unidas. Entre os de mais difícil solução, Fleischer considera ;o barril de pólvora do Oriente Médio;. ;Obama e sua equipe terão de trabalhar para tentar alcançar uma paz mais definitiva entre Israel e Palestina, e a rota para isso seria criar um Estado palestino, com respeito mútuo entre os dois países;, analisou. No entanto, o novo presidente dos EUA vai encarar a complicada tarefa de preservar as relações com seu principal aliado na região e, sem prejuízo para a relação estratégica, convencer Israel da necessidade de definir logo as fronteiras da Palestina.
Quando o tema é a segurança do próprio país, Obama indica que a rede terrorista Al-Qaeda e seu líder, Osama bin Laden, continuam sendo a ;ameaça número 1;. O novo presidente já escolheu a equipe que terá a árdua tarefa de continuar as investigações sobre o paradeiro de Bin Laden e de seu número dois, Ayman Al-Zawahiri. Como diretor nacional de Inteligência, Dennis Blair supervisionará as agências da área, e Leon Panetta, ex-chefe de pessoal da Casa Branca, será o diretor da Agência Central de Inteligência (CIA). Obama precisará ainda de um plano para cumprir outra promessa de campanha: fechar a prisão da base naval dos EUA na Baía de Guantánamo, em Cuba, onde estão suspeitos de atividade terrorista. O fim do centro de detenção, um símbolo dos abusos cometidos por George W. Bush na guerra ao terror, depende da localização de um outro destino para os presos.
Para Bush, a nova administração terá de estabelecer a amplitude de outra ameaça. ;A Coreia do Norte continua sendo um problema. Uma de minhas preocupações é que possa ter um programa de urânio altamente enriquecido. Por isso, é importante que das negociações saia um processo de verificação sério;, avisou o presidente no pronunciamento da quinta-feira, com o qual se despediu depois de oito anos na Casa Branca.
Outro programa nuclear que preocupa o futuro mandatário é o do Irã. Obama disse à rede de TV ABC News que um regime iraniano com armas atômicas poderia desencadear uma corrida nuclear no Oriente Médio. ;É preciso dar nova ênfase a esse assunto, na disposição ao diálogo;, afirmou Obama em referência a Bush, que sempre rejeitou negociar diretamente com Teerã.
Promessas
Fleischer continua a longa lista que aguarda por Obama: terá de cumprir a promessa de retirar as tropas americanas do Iraque até 2010, porém precisará igualmente reforçar o contingente no Afeganistão; terá de renegociar com a Rússia o tratado Start, que prevê a redução mútua do arsenal nuclear; desenhar um projeto para se aproximar mais da China, um dos principais mercados para os produtos americanos; e, como se não faltassem desafios, contribuir para uma paz duradoura entre Índia e Paquistão ; este um aliado importante contra a Al-Qaeda, porém sob suspeita de abrigar aliados dos terroristas em setores da inteligência.
No Iraque, Obama enfrentará problemas também a longo prazo. ;O governo de Nuri Al-Maliki deve cair, abrindo caminho para Moqtada Al-Sadr e outros extremistas ganharem mais poder e influência. Nesse caso, o presidente continuará retirando as tropas ou vai mantê-las em Bagdá?;, questionou o analista John Bruhns, do site Huffington Post. Em relação à América Latina, a política do democrata ficará mais clara durante sua presença na Cúpula das Américas, marcada para abril em Trinidad e Tobago.