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Posse de Obama deve reunir 2 milhões de pessoas em Washington

Posse do primeiro presidente negro do país mobiliza multidão de simpatizantes e entrará para a história. Evento custa US$ 120 milhões aos cofres públicos e ocorre em meio a gigantesco aparato de segurança

Em dois dias, Barack Obama subirá no imenso palanque montado em frente ao Capitólio e entrará definitivamente para a história. Diante de uma multidão esperada de 2 milhões de pessoas, o primeiro presidente negro dos Estados Unidos deverá fazer um discurso à altura do público presente. Os preparativos para a grandiosa cerimônia começaram assim que Obama foi declarado vencedor, em 4 de novembro. Naquela mesma semana, as vagas nos hotéis em Washington para o dia da posse escassearam. ;Essa posse vai ser histórica, não apenas pelo fato de Obama ser o ;primeiro presidente negro;. A grande presença popular já tornará o momento histórico. Essa será uma posse do povo;, afirma o historiador da Southern Illinois University Jonathan Bean. Mas Obama quer tornar o momento ainda mais memorável. Sua equipe já anunciou que a Bíblia que ele usará em seu juramento será a mesma utilizada por Abraham Lincoln em sua posse, em 1861. Obama será o primeiro presidente a empunhar a relíquia exposta na Biblioteca do Congresso. Também haverá uma série de festas populares para depois da cerimônia. ;Quero assegurar de que teremos um evento acessível aos moradores de nosso novo bairro aqui em Washington;, disse Obama duas semanas atrás, ressaltando que a posse é ;para todos os americanos;. A ideia de fazer uma festa com ingressos gratuitos ou com preços simbólicos romperá com a tradição das celebrações restritas à elite. Mas o presidente terá de reservar boa parte da noite para os mais abastados. Ele e Michelle pretendem ir a pelo menos 10 festas oficiais ; uma a mais do que George W. Bush percorreu em 2005. O evento mais disputado será certamente a cerimônia em que o presidente eleito fará seu discurso. A expectativa é de que o National Mall, um grande espaço a céu aberto no centro de Washington, fique pequeno para tantos admiradores de Obama. Cerca de 250 mil entradas foram distribuídas gratuitamente pelo governo, mas espera-se a quebra do recorde de 1,2 milhão de presentes na posse de Lyndon Johnson, em 1965. Em novembro, alguns sites se aproveitaram da grande procura para oferecer ingressos por US$ 20 mil. Proibição Com uma multidão ;invadindo; a capital, autoridades reforçaram a segurança. Carrinhos de bebês, guarda-chuvas, mochilas e outros objetos, como cartazes e faixas, serão proibidos em certas partes de Washington depois de amanhã. Também não será permitida a venda de álcool nas proximidades do Capitólio. ;A grande maioria dos presentes estará sem cadeira e deverá se preparar para passar várias horas de pé;, informou o comitê encarregado de organizar a cerimônia. Como o dia da posse é geralmente frio e chuvoso, os organizadores poderão fornecer capas de chuva e ponchos impermeáveis aos espectadores. De acordo com o jornal The Washington Post, o Serviço Secreto elaborou um plano, juntamente com autoridades de trânsito, para retirar todos os veículos particulares da ponte que liga o Distrito de Columbia ao estado da Virgínia, e de mais duas rodovias interestaduais. Há mais de um mês, o governo local tem pedido aos cidadãos que não insistam em chegar a Washington de carro nos próximos dias. Cerca de 300 mil pessoas devem desembarcar até amanhã nos dois aeroportos da cidade. O gasto público com medidas de segurança e meios de transporte chegará a US$ 75 milhões, segundo o prefeito da capital, Adrian Fanty, que pediu ajuda financeira ao Congresso. Já para a cerimônia de posse e para o tradicional desfile, a capital terá que desembolsar US$ 47 milhões. Em e-mail enviado a apoiadores, Obama pede ainda mais contribuições, pois não haverá ;grandes corporações; doadoras. ;No passado, as cerimônias de posse eram financiadas por lobistas e corporações que davam contribuições de seis dígitos. Como na nossa campanha, esta posse será diferente;, diz o texto. As doações deverão ser expressivas, principalmente por envolverem o sentimento de esperança dos que apostaram na mudança. Para Jonathan Bean, a participação em massa na posse dirá muito do que a população espera do governo. ;Esse é um importante rito da nossa ;religião cívica; ; a noção que nossa crença política e a Constituição nos definem como americanos. Obama vai aproveitar essa oportunidade para destacar o sentido de união, determinação e força;, comenta.