postado em 19/01/2009 11:36
WASHINGTON - Sob a presidência de Barack Obama, a ala da Casa Branca onde trabalham os assessores mais próximos ao presidente será uma verdadeira área intelectual, que corre o risco de fazer concorrência ao gabinete ministerial como centro de poder.
Este anexo, popularizado pela série de televisão "The West Wing/Nos bastidores do poder", abrigará uma equipe que combinará personalidades políticas com ampla experiência em Washington e destacados assessores ligados ao futuro presidente, que o acompanham desde Chicago, como David Axelrod e Valerie Jarrett.
Obama e seu secretário-geral, o ex-representante de Illinois Rahm Emanuel, terão que lidar com este viveiro de talentos em sua equipe de assessores políticos, redatores de discursos e advogados.
"O presidente se cercou a de personalidades que podem expressar vigorosamente suas eventuais divergências", afirma William Galston, do Instituto Brookings.
"Porém, a forma como organizou a Casa Branca sugere que não tem dúvidas sobre sua capacidad de encontrar um ponto de equilíbrio entre diferentes opiniões e interesses", acrescenta Galston, que também já trabalhou na presidência americana.
O presidente eleito, que assume o cargo na terça-feira, descartou os temores de que sua equipe seja muito heterogênea ou muito "Washington-cêntrica" para comprometer-se com uma verdadeira mudança.
"A visão da mudança vem principalmente de mim. Este é meu trabalho: prover uma visão em termos de para onde estamos indo e assegurar, então, que minha equipe a implemente".
Ao refletir sobre o que foi o mandato do presidente George W. Bush, Obama citou o perigo de viver em uma "bolha" isolada do mundo exterior que dependa de cortesãos hostis à idéia de se tornarem mensageiros de notícias ruinas.
Para reduzir o risco, David Axelrod e Valerie Jarrett, na primeira linha durante a campanha eleitoral, continuarão com a mesma tarefa na Casa Branca, com a missão de atuar como termômetros da opinião pública para Obama.
A face mais visível da "ala oeste" será a do porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, que tentará combinar sua simpatia sulista com a ferrenha agressividade no pódio de imprensa.
Entre os pesos pesados da equipe estão ainda o conselheiro jurídico Gregory Craig; John Favreau, responsável pela equipe que redigirá os discursos do presidente, e Christopher Lu, chefe de gabinete.
Os chefes de gabinete podem acabar competindo pela simpatia do presidente com os influentes assessores da Casa Branca. Este é o caso de Lawrence Summers, diretor do Conselho Econômico Nacional e coordinador de política econômica de Obama, ou Carol Browner, encarregada da área de mudanças climáticas.
"Tudo depende das relações que são estabelecidas entre os secretários (ministros) e os funcionários da Casa Branca", comenta Galston, ao destacar que personalidades como a da futura secretária de Estado Hillary Clinton não serão inclinadas a obedecer ordens de assessores.
No entanto, destaca, desde Franklin Roosevelt os presidentes americanos seguem a tendência de acumular poder na Casa Branca para vencer as resistências burocráticas das secretarias.