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Abbas estende a mão ao Hamas e propõe governo de coalizão

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postado em 19/01/2009 17:51
O presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, estendeu nesta segunda-feira a mão ao movimento radical Hamas e propôs a formação de um governo de coalizão para convocar eleições legislativas e presidenciais simultâneas. A oferta foi feita durante uma reunião de cúpula organizada no Kuwait para arrecar fundos de ajuda para Gaza e onde o rei Abdullah da Arábia Saudita anunciou que seu país doaará 1 bilhão de dólares para a reconstrução do território devastado por 22 dias de ofensiva israelense, que deixou mais de 1.300 mortos. Em meio a estas discussões, um funcionário israelense mencionou a possibilidade de o secretário-geral da ONU, Ban Ki-monn, realizar uma visita a Gaza nesta terça-feira, o que não foi confirmado pelas Nações Unidas. Em Gaza, as tropas israelenses proseguiam se retirando gradualmente. O Hamas, que proclamou uma "vitória histórica" contra Israel, se esforçou para minimizar as perdas que sofreu no conflito, afirmando que sua capacidade de lançar foguetes contra Israel não foi afetada. Abbas aproveitou sua presença na cúpula do Kuwait e propôs ao Hamas a formação de um governo de coalizão, O grupo radical palestinoa tirou o partido de Abbas, o Fatah, do poder na Faixa de Gaza em junho de 2007. Na mesma cúpula, o rei Abdullah anunciou sua doação no discurso na abertura da cúpula que reúne os dirigentes de 22 membros da Liga Árabe. O Qatar já havia anunciado que contribuiria com 250 milhões de dólares para este fundo. Enquanto isso, em Gaza, policiais do Hamas patrulhavam as ruas e os bancos abriram suas portas nesta segunda-feira, um dia depois do fim de uma sangrenta ofensiva israelense de 22 dias em Gaza. Alguns habitantes criticaram o movimento islamita palestino, que cantou vitória. "Esta guerra nos fez recuar 50 anos. É como a Nakba de 1948", afirmou, referindo-se à "catástrofe" que foi para os palestinos a criação do Estado de Israel, Abu Ihab, um empresário de 55 anos, olhando as ruínas aio sair de sua casa hoje. "Para mim, o Hamas cometeu um erro, pois toda guerra deve ter objetivos políticos e ser baseada em planos militares. O Hamas só contou com as promessas mentirosas do Irã e da Síria", acrescentou. "O Hamas se lançou sem pensar em uma aventura cujo resultado é esta catástrofe que nos atingiu", exclamou. De acordo com o escritório palestino de estatísticas, 4.100 casas foram totalmente destruídas e mais 17.000 foram danificadas. Dez corpos foram resgatados entre os escombros nesta segunda-feira. Centenas de palestinos aproveitaram o cessar-fogo proclamado separadamente por Israel, e depois pelos Hamas, para ir a bancos e às lojas, que abriram depois de 22 dias de fechamento. "O medo por nossos filhos nos impediu de dormir durante a guerra. O que o Hamas e todas estas organizações nos trouxeram, além de destruição. Onde está esta vitória da qual estão falando?, questionou Karim Abu Shariá, enquanto fazia fila num caixa eletrônico. O porta-voz do braço armado do Hamas, Abu Ubeida, indicou que seu movimento perdeu não só "48 combatentes" durante a ofensiva. Israel, por sua vez, destacou que matou 500. Ele também afirmou que as tentativas de Israel de impedir o Hamas de se armar, principalmente destruindo os túneis de contrabando entre Gaza e Egito, estavam destinadas ao fracasso, e que o Estado hebreu não conseguiu atingir nenhum de seus objetivos. Grupos ligados ao Fatah anunciaram a morte de 37 de seus combatentes, a Jihad Islâmica perdeu 34, os Comitês das Resistência Popular, 17, e o Frente Democrático de Liberação da Palestina (FDLP), 13. Fontes militares israelenses afirmaram que não houve incidentes na madrugada de domingo e que as forças continuam se retirando do território palestino controlado pelo Hamas. Mais de 1.300 palestinos morreram em três semanas, incluindo 410 crianças e 108 mulheres, e mais de 5.300 foram feridos, segundo os serviços de urgência de Gaza. Do lado israelense, morreram 10 militares e três civis.

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