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ONU examina danos em Gaza, e Israel ameaça bombardear túneis

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postado em 22/01/2009 10:24
GAZA - A Organização das Nações Unidas (ONU) examina nesta quinta-feira (22/01) a envergadura dos danos provocados pela ofensiva israelense em Gaza, onde o Estado hebreu advertiu que pode voltar a atacar se o movimento islamita Hamas se rearmar utilizando túneis clandestinos. O coordenador das Nações Unidas para o Oriente Médio, Robert Serry, e o diretor humanitário da organização, John Holmes, visitaram vários lugares da Faixa de Gaza para avaliar a necessidade de ajuda após uma guerra que deixou em ruínas grande parte do território palestino. "A reabertura dos pontos de passagem é um dos problemas que queremos discutir (com Israel). Evidentemente, para reconstruir é preciso cimento, materiais de construção, tubos e peças. Tudo isso deve entrar e vamos insistir nisso com força", declarou Holmes. "Nossa mensagem a Israel é que, além da destruição, da morte e do sofrimento causados, deve permitir que os programas de ajuda avancem sem obstáculos", destacou durante visita a uma escola destruída em um bombardeio aéreo israelense em Beit Lahya (norte). Segundo contagem provisória do Escritório Central Palestino de Estatísticas, as perdas causadas pela ofensiva chegam a 1,9 bilhão de dólares, 476 milhões dos quais por danos causados em casas e infra-estrutura. Israel condiciona a suspensão do bloqueio imposto a Gaza à conclusão de uma trégua com o Hamas, negociada atualmente com a mediação do Egito. O cessar-fogo declarado separadamente por Israel e pelo Hamas está sendo respeitado, pelo quinto dia consecutivo, mas a chanceler israelense Tzipi Livni advertiu que a situação pode mudar rapidamente, se o movimento islamita palestino retomar o contrabando de armas pelos túneis cavados na fronteira com o Egito. "Quanto aos túneis, nada voltará a ser como antes, as coisas devem ser claras: Israel se reserva o direito de atuar militarmente contra os túneis e ponto final", afirmou a ministra das Relações Exteriores. "Se tivermos de atuar, o faremos. Exerceremos nosso direito a legítima defesa, não confiaremos nossa sorte aos egípcios, nem aos europeus nem aos americanos", acrescentou, depois do ministro da Defesa, Ehub Barak, ter feito na véspera uma ameaça similar. Por outro lado, a rádio militar israelense afirmou que vários ministros, entre eles Livni, aceitariam agora libertar a maior parte de presos palestinos em troca do soldado israelense Gilad Shalit, capturado pelo Hamas em junho de 2006. Enquanto isso, em Gaza, duas mulheres, duas crianças e um idoso foram feridos por disparos de embarcações da Marinha de guerra israelense que patrulha o Mediterrâneo, segundo fontes médicas. A ofensiva israelense, de 27 de dezembro a 17 de janeiro, causou 1.330 mortos palestinos, entre eles 437 menores de 16 anos, 110 mulheres e 123 idosos, assim como 14 médicos e quatro jornalistas. Além disso, 5.450 pessoas foram feridas, segundo o balanço mais recente dos serviços médicos palestinos. No mesmo período morreram 10 militares e três civis israelenses, segundo dados oficiais.

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