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Tropas do Sri Lanka capturam última cidade tâmil

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postado em 25/01/2009 12:03
COLOMBO - O Exército do Sri Lanka capturou neste domingo (25/01) Mulaitivu, a última cidade que estava em poder dos rebeldes separatistas tâmeis, no extremo norte da ilha, anunciou o comandante das Forças Armadas, o tenente-general Sarath Fonseka. "Capturamos completamente Mulaitivu", afirmou Fonseka em um discurso exibido pela televisão à nação, horas depois do governo ter anunciado a entrada do Exército na cidade. A queda de Mulaitivu representa um duro golpe para a guerrilha tâmil e acontece depois da perda da "capital" dos rebeldes, Kilinochi, no início de janeiro. "As tropas da 59ª divisão entraram na cidade de Mulaitivu há pouco e esperamos que assumam o controle de toda cidade em poucas horas", anunciara mais cedo Keheliya Rambukwella, porta-voz do governo. Os Tigres de Libertação da Pátria Tâmil (LTTE, na sigla em inglês) inundaram no sábado os arredores da cidade para retardar o avanço militar, mas as tropas conseguiram entrar na região com o auxílio de barcos. O ministério da Defesa explicou que os soldados que entraram em Mulaitivu encontraram uma forte resistência, mas que os civis já haviam abandonado a cidade. Depois de conquistar Kilinochi, a "capital" política dos Tigres, no dia 2 de janeiro, o Exército cingalês prosseguiu com o avanço até os últimos enclaves dominados pelos insurgentes, confinados na selva em uma zona de 40 km de comprimento por 40 km de largura, na região de Mulaitivu, onde vivem quase 300.000 civis. O presidente cingalês, Mahinda Rajapakse, previu na mensagem de Ano Novo que 2009 seria o da "vitória heróica" sobre os LTTE, que lutam desde 1972 para estabelecer um Estado independente para a população tâmil. Milhares de pessoas morreram desde o início do conflito. O governo de Rajapakse rompeu um cessar-fogo ano passado e lançou uma nova ofensiva contra os rebeldes com o objetivo de acabar definitivamente com a guerrilha. "Pela última vez, digo ao LTTE que entregue as armas e se renda", afirmou o presidente após a tomada de Kilinochi. Os Tigres não comentaram os últimos combates, mas o líder e fundador do grupo insurgente, Velupillai Prabhakaran, afirmou ano passado que a guerrilha, uma das primeiras a cometer atentados suicidas e uma das mais efetivas do mundo, continuaria lutando. Yasushi Akashi, emissário de paz japonês para o Sri Lanka, pediu neste domingo que o Exército e a guerrilha permitam o socorro aos civis bloqueados pelos combates. "É uma questão humanitária urgente", declarou Akashi à imprensa após uma visita de cinco dias ao Sri Lanka, país que recebe mais de 60% de sua ajuda do Japão. As agências internacionais de ajuda afirmam que 300.000 civis estão presos em Mulaitivu e que os rebeldes usam os mesmos como escudos humanos. O LTTE é muito criticado por recorrer a meninos soldados e é considerada uma organização terrorista por Estados Unidos, União Européia e Índia, país com o qual faz fronteira.

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