A União Européia (UE) apoiou nesta segunda-feira (26/01) o plano do presidente Barack Obama de fechar a prisão de Guantánamo, símbolo dos excessos antiterroristas da era Bush, embora não esteja muito "entusiasmada" com a idéia de receber detidos desse centro.
"Ninguém está muito entusiasmado, é verdade", reconheceu o chanceler Karel Schwarzenberg, da República Tcheca - país que preside a UE, ao final de um primeiro debate sobre o assunto com seus colegas europeus reunidos em Bruxelas.
Embora a UE tenha saudou "calorosamente" o anúncio do fechamento de Guantánamo, "não podemos dar uma resposta rápida" à questão do possível traslado de prisioneiros, continuou Schwarzenberg.
"Há problemas políticos e de segurança que exigem um estudo aprofundado e consultas", explicou.
Schwarzenberg precisou que a questão será enviada aos ministros europeus do Interior e Justiça.
Se a decisão de aceitar prisioneiros de Guantánamo continua sendo "nacional", os ministros europeus querem estabelecer a ideia de uma "ação combinada sobre esta questão"; 245 pessoas ainda permanecem no centro de detenção, encravado no território cubano.
Missão da UE - integrada pela presidência tcheca, o comissário europeu de Justiça, Jacques Barrot, e o coordenador antiterrorista Gilles de Kerchove - viaja aos Estados Unidos em fevereiro para discutir o assunto com o governo Obama, indicaram diplomatas europeus.
Vários países da UE - como Áustria, Suécia, Dinamarca e Holanda - já afirmaram que não estão dispostos a receber detidos de Guantánamo. Outros, como Espanha, Portugal, Itália e França, disseram que estudariam a questão "caso por caso".
"Pelo menos seis ou sete" países da UE estão dispostos a acolher os presos de Guantánamo para ajudar Obama, afirmou o ministro português das Relações Exteriores, Luis Amado.
Por sua vez, o ministro alemão das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier, assegurou nesta segunda-feira que se trata de uma "questão de credibilidade" para os europeus, que haviam reclamado com insistência o fechamento dessa prisão.
Alguns membros da UE deixam a porta aberta a uma recepção por motivos "humanitários" de cerca de 60 detidos contra os quais não haja acusações e que não possam voltar às nações de origem devido ao risco de perseguições.
"Devemos examinar esta questão sob o ângulo dos direitos humanos", destacou nesse sentido o chanceler finlandês Alexander Stubb. "A Europa deve assumir suas responsabilidades ante as pessoas que não podem voltar a seu país", acrescentou.