Mundo

Obama enfrenta prova de fogo no Congresso

;

postado em 01/02/2009 09:36
Entre uma decisão executiva e outra, Barack Obama aborda o tema que será sua primeira grande batalha no Congresso: a aprovação de um pacote de US$ 825 bilhões para estimular a economia. O novo presidente já teve reuniões com seus assessores econômicos, visitou os parlamentares republicanos no Capitólio, mandou para a TV o vice, Joe Biden, e seu principal conselheiro na área, Lawrence Summers ; tudo para garantir que o texto passe no Congresso. Entretanto, esse é apenas o primeiro grande desafio de Obama, que terá de conseguir o apoio das duas casas do Congresso para diversos de seus projetos de ;mudança;. Apesar de os democratas terem maioria em ambas as casas, o presidente não terá tanta folga para suas manobras, principalmente no Congresso. Nas eleições de novembro, o partido de Obama não conseguiu obter 60 cadeiras, o que impossibilitaria a oposição de obstruir a tramitação de projetos de interesse do Executivo. ;Se os senadores republicanos conseguirem ficar juntos e ainda trazer um par de votos democratas, eles podem barrar os projetos de lei com bastante eficiência;, observa o cientista político David Nice, da Washington State University. Já a especialista em relações entre Congresso e Casa Branca Amy Black, professora do Wheaton College (Illinois), acredita que o maior ;poder; dos senadores republicanos em relação a seus colegas deputados implica mais responsabilidade. ;Os líderes republicanos vão definitivamente sofrer um pouco mais de pressão no Senado, porque possuem mais poder do que os seus homólogos na Câmara;, afirma Black. ;Por outro lado, os líderes republicanos pensarão muito bem sobre quais os projetos de Obama que apoiarão ; demonstrando uma vontade de trabalhar em conjunto ; e a quais deverão se opor fortemente, mostrando aos eleitores uma alternativa nas questões mais controversas;, completa. O historiador Julian Zelizer, da Universidade de Princeton, também acredita que os republicanos perceberão que se opor a todo e qualquer projeto do governo democrata não será proveitoso para o próprio partido. Usando como exemplo o pacote de resgate de US$ 825 bilhões, Zelizer destaca a importância de os parlamentares avaliarem o cenário como um todo, antes de se posicionarem. ;Se os republicanos não concordarem com a proposta de Obama, dada a seriedade da crise, eles precisarão oferecer uma alternativa, em vez de apenas se oporem;, afirma. Temas espinhosos Alguns assuntos deverão certamente tomar mais tempo do presidente e dos congressistas. A reforma do sistema de saúde, mudanças nas regras de imigração e questões de orçamento precisarão não só do apoio dos democratas ; e nem todos concordam com as posições de Obama ;, como dos independentes e até de republicanos. ;Obama terá de trabalhar com o Congresso para conseguir tocar sua agenda. Ele realmente não tem escolha;, ressalta Amy Black. De acordo com a especialista, o período de um mês estimado para a aprovação do pacote de resgate é ;incrivelmente rápido; para o sistema legislativo americano. ;A maior parte das outras prioridades políticas de Obama demorará bem mais para obter aprovação em ambas as casas do Congresso, porque não haverá esse sentimento de urgência que há com a questão do resgate econômico;, opina. Saúde A reforma no sistema da saúde, por exemplo, não é vista por muitos congressistas como um tema ;urgente;. Bem como a reforma migratória, que Bush tentou passar no Capitólio nos últimos quatro anos, sem sucesso. ;Na verdade, a imigração é um tema tão difícil que acredito que Obama tentará não lidar com ela por enquanto. E é preciso lembrar que os pontos de vista do presidente sobre essa questão específica não estão tão longe dos de Bush;, afirma. Nice, por sua vez, destaca que qualquer questão política que não seja percebida como uma ;emergência; vai demorar muito para ser considerada. ;Assim que acabar a ;lua-de-mel presidencial;, ele vai ter muitos obstáculos para realizar mudanças políticas.;

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação