postado em 06/02/2009 13:56
JERUSALÉM - A quatro dias das eleições legislativas em Israel, a oposição de direita já garantiu, segundo as pesquisas, a maioria no Parlamento, apesar de a diferença entre o Likud (direita), de Benjamin Netanyahu, e o Kadima (centro), de Tzipi Kivni, estar diminuindo.
A disparada do Kadima, que conseguiu encostar no Likud nas pesquisas de intenções de voto, deu novas esperanças aos seguidores do partido no poder e alimenta as especulações sobre uma futura coalizão.
Todas as pesquisas apontam para um forte crescimento do partido de extrema-direita Israel Beitenou, que deverá se tornar a terceira formação do país.
O partido dirigido por Avigdor Liberman, ex-integrante do Likud, fez campanha no tema antiárabe, defendendo por exemplo o prosseguimento dos ataques israelenses na Faixa de Gaza.
O alvo principal de Liberman foi a minoria árabe de Israel, que representa 20% da população. O líder de extrema-direita qualificou esta comunidade de "perigo interno", e ameaçou retirar a cidadania dos árabes israelenses que não demonstrarem sua "lealdade" ao Estado judeu.
Todos os grandes partidos políticos se distanciaram destas posições, qualificadas pela esquerda de "racistas" e "fascistas", mas nenhum, nem mesmo os trabalhistas, descartou a formação de uma coalizão de poder com o Israel Beitenou.
O partido de extrema-direita é muito popular entre os imigrantes da ex-União Soviética (que são mais de um milhão de Israel), os jovens e os mais pobres. Ele deverá atrair muitos eleitores do Likud e de partidos religiosos sensíveis a sua retórica nacionalista.
A quatro dias das eleições de 10 de fevereiro, o Likud, liderado pelo ex-primeiro-ministro Netanyahu, obterá, segundo as pesquisas, 25 a 27 das 120 cadeiras da Knesset, contra apenas 12 no atual Parlamento.
O Kadima, liderado pela chanceler Tzipi Livni, deverá cair para 22 ou 23 cadeiras, contra 29 atualmente.
O Israel Beitenou, por sua vez, passará das 11 cadeiras atuais a 18 ou 19, segundo as pesquisas de opinião.
Assim, o partido de Liberman superaria o Partido Trabalhista do ministro da Defesa Ehud Barak, que deverá ficar com 14 a 17 cadeiras contra 19 no atual Parlamento.
Com o apoio da extrema-direita e dos partidos religiosos, Benjamin Netanyahu tem grandes chances de voltar para o cargo de primeiro-ministro.
Entretanto, Netanyahu expressou sua preferência por um governo de união nacional sob sua direção, que incluiria os trabalhistas e o Kadima. Assim, ele não ficaria refém da extrema-direita.
O contexto internacional também mudou. O novo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, não parece estar disposto a manifestar o mesmo apoio incondicional a Israel que seu predecessor, George W. Bush.
"A esquerda e o centro não têm mais nenhuma chance de vencer", afirmou uma analista do jornal Maariv, qualificando de "absurdas" as especulações sobre uma eventual participação da extrema-direita de um governo dirigido por Livni.
Para o jornal Yediot Aharonot, os eleitores de Liberman querem "pôr um espantalho no poder para assustar os árabes".