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Clonagem de cães atrai mercado milionário

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postado em 08/02/2009 10:42
O que faz alguém pagar US$ 155 mil (cerca de R$ 348.750) pela clonagem de um cachorro? Enquanto muitos acham que esse capricho não passa de extravagância, o casal norte-americano Edgar e Nina Otto o veem como prova de carinho incondicional. Filho de Edward Otto, um dos fundadores da Nascar ; a maior associação automobilística dos Estados Unidos ;, o empresário Edgar se define um ;futurista;. Tanto que em 2002 ele ordenou o congelamento do DNA do labrador amarelo Lancelot. O cão preferido da família morreu aos 11 anos, em 31 de dezembro do ano passado. ;Nós o amávamos desesperadamente;, contou ao Correio, por telefone, a partir de sua mansão de 48 mil m² em Boca Raton (Flórida). ;Ele era nosso melhor amigo, quase entendia inglês e quase podia ler nossa mente;, garantiu. A morte de Lancelot abalou os Otto e eles procuraram os serviços da BioArts, uma empresa de biotecnologia baseada em São Francisco e ligada a um laboratório de clonagem da Coreia do Sul. Desejavam rever o cão amigo. Em 18 de novembro passado, nasceu Lancey ; segundo Edgar, ele é a cópia perfeita de Lancelot. ;Até mesmo suas atitudes são idênticas. Ele cruza as patas, assim como Lancelot. É calmo, de fácil convivência e brinca com nossos outros nove cães, também como Lancelot fazia;, explicou o empresário. O norte-americano contou ter recebido da BioArts dois relatórios comprovando que os DNAs de ambos os cães são idênticos. ;Valeu cada centavo que pagamos, porque temos nosso melhor amigo de volta.; De acordo com ele, Lancey está com 11 semanas de idade, foi examinado pelo veterinário da família e exibe perfeita saúde. Edgar não teme que o valioso cão tenha o mesmo destino da ovelha Dolly e morra de envelhecimento precoce. ;Só o tempo vai dizer isso, mas não há garantias;, admitiu. A técnica de clonagem canina tem se expandido aos poucos. A empresa sul-coreana RNL Bio também oferece filhotes clonados por US$ 150 mil. Pioneirismo Por e-mail, o biólogo molecular Jin Hang-hong, diretor de planejamento estratégico da companhia, disse ter recebido três pedidos de clonagem de cães e 117 amostras de DNA para cópia genética. Ele contou que a RNL Bio foi fundada pelo cientista Beyonchun Lee, que trabalhou com Hwang Woo-suk na Universidade Nacional de Seul. Ambos criaram o galgo afegão Snuppy, o primeiro cachorro clonado da história (leia a Memória). Após o escândalo de falsificação de células-tronco, Hwang deixou a instituição e Lee seguiu com a empresa. Edgar Lee e Hang-hong desconhecem o interesse de brasileiros pela clonagem canina. No entanto, o milionário da Flórida dá um conselho aos apaixonados pelos cães. ;O custo deve cair nos próximos cinco anos;, afirmou. ;Nesse prazo, congelem o DNA e o mantenham lá.; Professor da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo, Jose Antonio Visintin clonou o touro Marcolino em 2001. Ele garante que o país tem capacidade para ;copiar; bovinos e ovinos. ;Não conseguimos produzir clones de equinos, cães e gatos. As técnicas são semelhantes, mas a biologia é diferente;, revelou. O próprio laboratório de Visintin acumula células de cães congeladas. MEMÓRIA Galgo afegão Snuppy impulsionou a técnica O dia 24 de abril de 2005 representou um marco na clonagem de cães. Naquela data, nasceu o galgo afegão Snuppy, produzido a partir da célula retirada da orelha do macho Tai, da mesma raça. O material foi transferido para um óvulo vazio de um labrador amarelo. A façanha foi anunciada pela equipe do cientista sul-coreano Hwang Woo-suk, da Universidade Nacional de Seul. Durante um período, o especialista acompanhou Snuppy em laboratório e monitorou as diferenças de comportamento em relação a Tai. O projeto contou com a participação de 45 cientistas, entre eles Beyonchun Lee, um dos principais pesquisadores da companhia RNL Bio, baseada na Califórnia. Snuppy foi considerado pela revista Time como a ;mais incrível invenção de 2005;. Mas o experimento bem-sucedido despertou críticas de bioéticos, que questionaram se os humanos não seriam uma massa de células e de processos biológicos. No ano passado, Snuppy envolveu-se no primeiro caso de reprodução entre cães clonados, depois que seu esperma foi usado para fertilizar duas fêmeas clonadas. A inseminação deu origem a 10 filhotes, nove dos quais sobreviveram. De acordo com Jin Hang-hong, diretor de planejamento estratégico da RNL Bio, Snuppy está em ;perfeita saúde;. ;Ele tem menos de quatro anos de idade;, contou.

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