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Lincoln fascina a América 200 anos após seu nascimento

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postado em 11/02/2009 13:41
WASHINGTON - O 16º presidente dos Estados Unidos, Abraham Lincoln, que aboliu a escravidão em seu país, fascina mais do que nunca tanto por sua grandeza como por seus mistérios, no momento em que são festejados os 200 anos de seu nascimento - exatamente no mesmo dia de Charles Darwin. Eleito em 4 de março de 1861, foi reeleito em 1864, e governou até 1865, quando foi assassinado. Sua eleição para a presidência dos Estados Unidos, em 1860, provocou manifestações que levariam à Guerra de Secessão, mas soube mais que nenhum outro preservar a unidade do país durante essa guerra civil. Cerca de 10.000 livros foram escritos sobre ele desde a sua eleição em 1860. "Um livro sobre Lincoln por semana! Nosso 16º presidente foi tema de obras em mais oportunidades do que todos os nossos presidentes juntos, do que todas as figuras históricas, à exceção de Jesus", declarou recentemente o senador pelo Illinois, Dick Durbin, da comissão do Bicentenário. "Não há grandes coisas a se dizer de mim", disse Lincoln em uma curta apresentação autobiográfica para a sua campanha presidencial de 1859. Honesto, visionário e ambicioso, qualidades não faltam para se referir àquele que os historiadores consideram o maior presidente da história dos Estados Unidos. "Ele é o maior, absolutamente", resume Harold Holzer, historiador, co-presidente da comissão do Bicentenário. "Ele se tornou uma figura que permaneceu forte na memória enquanto que, quando vivo, era um personagem muito controverso, violentamente criticado por suas posições contra a escravidão", acrescentou Marc Miccozzi, ex-diretor do Museu Nacional de Medicina. "Estes são os únicos restos mortais de um presidente em exercício", disse Tim Clarke, porta-voz do museu, diante de partes de seu crânio e da única bala de chumbo retirada durante a autópsia --encravada por 15 cm no cérebro do primeiro presidente americano assassinado. Para o 200º aniversário, cerca de 50 exposições serão realizadas no país. Em Washington, cerimônias oficiais terão lugar no Lincoln Memorial e no Congresso, enquanto que o Ford's Theater, onde foi morto no dia 15 de abril de 1865, foi reaberto após uma longa reforma, tendo em cartaz uma peça sobre... Lincoln. O efeito Obama soma-se a esse fascínio renovado. O 1º presidente negro, que simbolicamente utilizou a Bíblia de Lincoln para prestar juramento, não esconde a sua admiração política pelo ex-presidente republicano. "Neste aniversário, Obama comemora o aniversário do povo. Obama não só o admira, mas ele percebe 'a tarefa incompleta' da América da qual falava Lincoln em seu discurso de Gettysburg, ou seja, o acesso a oportunidades para todos", afirmou Harold Holzer. O próprio personagem de Lincoln, sua aparência física, os tristes episódios de sua vida familiar continuam a excitar a curiosidade. Livros mencionaram uma depressão crônica. "Como poderia não ser depressivo na Casa Branca com uma guerra civil?", explicou Marc Miccozzi. Seu antecessor, o presidente James Buchanan teria até dito: "se você está tão feliz de entrar (na Casa Branca) como eu estou de sair, você deve ser o mais feliz dos homens". "Tantas doenças foram diagnosticadas em Lincoln que era difícil acreditar que ele estava vivo no momento de sua morte", brincou Holzer. Em 1991, cientistas tentarão em vão analisar seus restos com o objetivo de determinar se teria sido acometido pela doença genética de Marfan. Sua altura acima da média (1,93 m) para a época, e o tamanho de seus ossos, a morte de três de seus quatro filhos "levam a crer que há 50% de chances de que seja esse o caso", segundo Miccozzi que acompanhou a polêmica na época.

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