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Exercício reduz em 24% risco de câncer de cólon

Cientistas concluem que atividade física provoca reações benéficas no intestino. Em outro estudo, substância combateu tumor em ratos

postado em 13/02/2009 07:58
Dois estudos divulgados ontem trazem conclusões promissoras sobre a prevenção e o combate ao câncer de cólon, a forma mais comum do câncer de intestino. Uma pesquisa realizada pela Faculdade de Medicina da Universidade de Washington, em St. Louis, revela que a prática constante de atividades físicas é suficiente para reduzir em um quarto a probabilidade de desenvolver a doença. Em outro avanço, cientistas norte-americanos da Clínica May, na Flórida, descobriram um remédio capaz de diminuir a progressão do tumor em ratos e de funcionar como agente quimiopreventivo em pacientes com alta propensão à enfermidade. Para obter uma estimativa sobre a relação entre o sedentarismo e o risco de tumores, a médica Kathleen Wolin, da Universidade de Washington, se concentrou em uma meta-análise de 52 estudos científicos sobre atividade física e câncer de cólon. ;Combinamos as estimativas obtidas em cada uma das investigações e descobrimos que os indivíduos mais ativos tinham até 24% menos chances de desenvolver a doença do que os sedentários;, explicou ao Correio a autora da pesquisa, publicada pela revista científica British Journal of Cancer. Kathleen Wolin, da Universidade de WashingtonSegundo Kathleen, muitos dos estudos analisados se focavam em dietas e composição corporal (índice de massa corpórea e peso). ;Acreditamos que a prática de exercícios físicos reduz a inflamação sistêmica do cólon, melhora o controle da insulina e diminui o intervalo de trânsito intestinal e as mudanças na função imunológica;, afirmou. A supressão de hormônios ligados ao crescimento de tumores é um dos efeitos benéficos da prática esportiva. Após realizarem uma série de revisões de pesquisas, os cientistas suspeitam que a atividade física também reduz o perigo de a pessoa desenvolver câncer de útero e de mama. ;Esses dados indicam que as escolhas sobre estilos de vida são importantes para prevenir o câncer de cólon;, garante a especialista. Enzastaurin Nicole Murray, do Departamento de Biologia do Câncer da Clínica May, já havia comprovado que a proteína PKCb promove o câncer de cólon em ratos ao estimular o crescimento do tumor. Dessa vez, ela e seus colegas usaram o enzastaurin, um inibidor da enzima quinase que impediu o desenvolvimento de células tumorais nas cobaias. ;O efeito antitumor do enzastaurin é resultado de sua habilidade de bloquear o aumento das células do cólon, ao conter a atividade da PKCb;, explicou ao Correio, por e-mail. No experimento liderado por Nicole, um grupo de ratos recebeu enzastaurin diariamente. A um segundo grupo foi administrado placebo. Os membros de ambos grupos também foram submetidos a um carcinógeno para provocar tumores do cólon muito semelhantes aos de seres humanos. ;Depois de 22 semanas, os dois grupos foram analisados. Vimos que 80% dos ratos do grupo de controle desenvolveram o câncer. Apenas 50% dos ratos tratados com enzastaurin tiveram a doença, mas seus tumores eram significativamente menos malignos que nos outros;, relatou a cientista. Ela considera os resultados bastante estimulantes, à medida que sugerem um efeito preventivo do enzastaurin em pacientes com alto risco de desenvolver o câncer de cólon. A pesquisa de Nicole foi divulgada pela revista científica Cancer Research. No Brasil, esse tipo de tumor é o quinto mais frequente entre homens (com cerca de 11,3 mil casos anuais) e o quarto entre as mulheres (mais de 13 mil ocorrências).

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