postado em 13/02/2009 18:00
A organização humanitária Avós da Praça de Maio identificou mais uma filha de desaparecidos, roubada ao nascer por agentes da ditadura argentina (1976-83), o que elevou a 97 o número de netos seqüestrados que recuperaram sua verdadeira identidade, anunciou nesta sexta-feira a presidente Cristina Kirchner.
"Hoje, acabamos de descobrir a identidade de mais uma neta (...). Permitam-me fazer o anúncio neste local, onde nasceram muitas destas crianças que ainda não conhecemos", disse Kirchner, durante um ato na Escola de Mecânica da Armada (ESMA), emblemático centro de torturas da ditadura, onde funcionou uma maternidade clandestina.
O anúncio foi feito após a assinatura de um acordo entre a presidente e o diretor da Unesco, Koichiro Matsura, para a crição do primeiro centro internacional para a promoção dos direitos humanos, no prédio onde funcionava a ESMA.
A ESMA foi o maior centro clandestino de detenção da ditadura, e por ali passaram cerca de 5.000 pessoas, das quais aproximadamente cem sobreviveram.
Durante a inauguração do centro pró-diretos humanos na ESMA, Estela de Carlotto, presidente das Avós da Praça de Maio, disse à imprensa que a neta recuperada "é a conquista número 97". Hoje, contou, ela é uma mulher de 32 anos, cuja identificação aconteceu graças a "uma investigação iniciada em 2008 pela justiça depois de uma demanda nossa". Seu nome não foi revelado.
Centenas de mulheres grávidas, seqüestradas e presas durante os anos da ditadura, deram à luz em maternidades clandestinas como a da ESMA, antes de desaparecer nas mãos dos agentes, enquanto seus bebês eram entregues a repressores e seus cúmplices.
As Avós da Praça de Maio estimam que 500 bebês nasceram em cativeiro, dos quais 97 foram identificados desde que a organização iniciou sua missão em busca dos netos roubados pela ditadura, em 1977.