postado em 14/02/2009 20:07
CARACAS - A expulsão do eurodeputado espanhol Luis Herrero, que chamou o presidente Hugo Chávez de ditador e criticou o órgão eleitoral nacional, marcou o fim da campanha do referendo que fará os venezuelanos irem às urnas neste domingo (15/02) para se pronunciar sobre a reeleição se limite de mandatos.
Herrero, do Partido Popular (direita) espanhol, chegou à Venezuela como observador da consulta popular, convidado pelo partido democrata-cristao Copei, e foi expulso na noite de sexta-feira, horas depois de fazer suas declarações.
Apesar de Chávez expressar seu desejo de que o incidente não afetará a relação do país com a Espanha, o clima diplomático não é dos melhores, principalmente depois da séria crise em que o rei Juan Carlos falou para o presidente venezuelano o famoso "por que não te calas?", durante a Cúpula Ibero-americana de Santiago do Chile.
Prova disso é que o ministério espanhol das Relações Exteriores já anunciou que convocará em breve o embaixador venezuelano em Madri para protestar contra o tratamento do país ao eurodeputado espanhol.
Enquanto isso, os venezuelanos votam novamente neste domingo (15/02) para se pronunciar sobre uma emenda constitucional, em um referendo que servirá para medir o apoio ao presidente Hugo Chávez e o desejo do povo de mantê-lo no poder depois de 2012.
"Todos às urnas, que não haja um homem honesto sem votar pelo 'sim'", pediu Chávez, confiante em uma vitória esmagadora, ressaltando que a emenda "dá mais força à democracia venezuelana" e que sua permanência no poder "garantirá a paz".
Segundo especifica a Constituição, o presidente venezuelano, que chegou ao poder em 1999, deve deixar o cargo após as eleições presidenciais de 2012, quando termina seu segundo mandato.
Mas a modificação de cinco artigos do ordenamento jurídico do país o permitirá voltar a se candidatar quantas vezes quiser, assim como os governadores, prefeitos, vereadores e deputados da Venezuela.
"No domingo temos a oportunidade de fazer Chávez entender que tem um amplo período para governar e que depois tem que ceder o posto a alguém de seu próprio partido ou à oposição. Temos que derrotar essa ideia de permanência no poder, de que ele é imprescindível", declarou a analista política Maruja Tarre à AFP.
O governo rejeita o termo "reeleição indefinida" e ressalta que a emenda abre apenas a possibilidade de o povo manter os bons governantes no poder, se assim desejar.
"A cada seis ou quatro anos, o povo venezuelano avaliará a gestão de presidente, governadores, prefeitos e deputados e decidirá se merecem continuar", reiterou à imprensa o ministro da Informação, Jesse Chacón.
Os principais institutos de pesquisa da Venezuela consideram que é impossível fazer prognósticos sobre quem sairá vitorioso. Segundo eles, não há uma vantagem clara e as respostas dos consultados não são tão confiáveis como em outras ocasiões.
Porta-vozes do governo asseguram que as pesquisas estão a seu favor e que a tendência do 'sim' é "irreversível".
A oposição, que conquistou um importante espaço nas eleições regionais de novembro, confia na vitória do 'não', resultado que, para eles, manteria o princípio da alternância no poder.
Além disso, os críticos de Chávez afirmam que a questão da reeleição contínua já foi incluída em um projeto de ampla reforma à Constituição, rejeitado em um referendo em 2007.
A campanha eleitoral foi curta, porém intensa. Apesar das 14 votações nos últimos dez anos, espera-se que os venezuelanos participem massivamente dessa nova consulta.
Mais uma vez, o presidente, que possui grande popularidade, esteve onipresente na campanha: percorreu o país pedindo apoio à emenda, ligou para militantes, jogou beisebol em favor do 'sim' e comemorou seus 10 anos no poder com o desejo de permanecer por mais uma década.
Pelo menos 98 representantes internacionais, procedentes de 25 países, acompanharão o referendo sobre uma emenda constitucional, em 15 de fevereiro, na Venezuela, informou o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) venezuelano.
Entre os convidados pelo CNE, estão representantes de órgãos eleitorais da América Latina, deputados do Parlamento Europeu e pesquisadores de universidades européias.