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Austrália chora os mortos e região sudeste prossegue em chamas

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Os bombeiros australianos fizeram uma pausa na luta contra as chamas que continuam devastando o sudeste do país para assistir no domingo aos atos celebrados em memória dos mais de 180 mortos nos mais graves incêndios da história da Austrália. O primeiro-ministro, Kevin Rudd, encabeçou uma cerimônia ao ar livre na cidade devastada de Wandong, no sudeste do estado de Victoria, e homenageou especialmente os bombeiros voluntários. "Vocês colocam a comunidade diante de vocês", afirmou antes de depositar folhas de eucalipto em uma tigela de água, símbolo de recordação e renovação. "Temos a intenção de estar ao lado de vocês em cada passo", disse Rudd. Ele acrescentou que o governp ajudará a reconstruir as cidades arrasadas pelo fogo, que já devastou 400.000 hectares e destruiu 1.800 casas. O governador geral Quentin Bryce participou em um serviço religioso na aldeia de Whittlesea, na presença dos sobreviventes de Kinglake, que fica a 50 quilômetros de Melbourne, que foi praticamente reduzida a cinzas. No entanto, as autoridades alertaram que a crise ainda não acabou. No total, 4.300 bombeiros prosseguem combatendo oito focos de incêndio, apesar da queda das temperaturas e dos fortes ventos. "Podem passar semanas antes que as coisas estejam totalmente sob controle e continuamos em pleno período de incêndios", disse o porta-voz do Departamento de Sustentabilidade e Desenvolvimento de Victoria, Lee Miezis. O governo prometeu ainda instalar um sistema nacional de alerta para desastres naturais. "Já estamos trabalhando nisso, precisamos mudar a legislação, que será submetida ao Parlamento", declarou a vice-premier Julia Gillard. Especialistas forenses indonésios chegaram à região da tragédia para ajudar as autoridades australianas. Um grupo de vítimas entrou na justiça contra a empresa de energia elétrica SP Ausnet, pertencente a Singapore Power Group (Cingapura), e o governo do estado de Victoria. Eles alegam que a queda de uma linha elétrica provocou o incêndio que matou pelo menos 100 pessoas na região de Kinglake, ao norte de Melbourne. Um homem de 39 anos deve comparecer a uma audiência na segunda-feira em Melbourne, acusado de provocar um dos incêndios que matou mais de 20 pessoas.