postado em 15/02/2009 16:24
O centrista partido Kadima pediu neste domingo (15/02) que haja um acordo de divisão de poder com o líder do direitista Likud, Benjamin Netanyahu. Após as eleições parlamentares da semana passada, o país vive um clima de bastante negociação
"Uma rotatividade é o mínimo que o Kadima pode exigir para o surgimento de um governo estável", afirmou Avi Dichter, membro do Kadima e atual ministro da Segurança Pública. Dichter se referiu a um acordo de divisão do poder que Israel teve em 1984, após outra disputa acirrada, quando os dois partidos ficaram cada um dois anos com o cargo de primeiro-ministro
Para esse membro do Kadima, é fato que a ministra de Relações Exteriores Tzipi Livni, líder do Kadima, foi a vencedora de acordo com a opinião pública. "Nós precisamos de um equilíbrio justo", ressaltou. Netanyahu até agora rejeita a opção de uma liderança rotativa
Ainda que o Kadima tenha conseguido 28 cadeiras nas eleições gerais, uma a mais que o Likud, Netanyahu é apontado como mais capaz de formar uma coalizão governista
De acordo com as leis israelenses, a pessoa encarregada de tentar formar um novo governo não é necessariamente o líder do partido com mais cadeiras, mas sim o mais capaz de conseguir uma coalizão majoritária no Parlamento de 120 cadeiras
Netanyahu tem apoio de partidos de direita, que dominaram a votação do dia 10, o que lhe garantiria 65 cadeiras no Parlamento. Já Tzipi Livni consegue apenas 44 apoios
Um governo puramente de direita seria muito instável, contudo, com a maioria dos analistas prevendo sua queda em algo como 1 ano e meio. Netanyahu pode preferir uma coalizão ampla, também com o Kadima
A ministra até agora insiste que ela deve liderar qualquer governo de união. O grupo de Tzipi no partido teve um encontro neste domingo para avaliar as opções na mesa. "Nós somos os únicos capazes de formar um governo de união nacional", disse ela a repórteres antes do encontro
O primeiro-ministro, Ehud Olmert, prestes a deixar o cargo, pediu a Tzipi que vá para a oposição e não faça parte de um governo com Netanyahu. "Vá para a oposição e você comandará o Kadima para a vitória nas próximas eleições", disse Olmert a Tzipi, segundo a mídia israelense
O jornal israelense Haaretz afirmou que a atual ministra deve preferir ficar na oposição, ao invés de participar de um governo liderado por Netanyahu
Choque com EUA
Caso o Kadima prefira a oposição, Netanyahu terá que formar uma coalizão com o ultranacionalista Yisrael Beitenu, liderado pelo controverso Avigdor Lieberman, e também com partidos ultraortodoxos e grupos de colonos de extrema-direita
Tal governo se chocaria com a administração dos Estados Unidos, liderada por Barack Obama, que se mostra bastante interessado em apoiar as negociações de paz entre israelenses e palestinos
O Likud pediu em comunicado que o Kadima entre no próximo governo, acusando Tzipi de colocar os interesses políticos menores à frente dos "interesses nacionais"
Os resultados oficiais da eleição serão publicados na quarta-feira. O presidente Shimon Peres terá então sete dias para consultar as várias facções antes de encarregar um membro do Parlamento da formação de um novo governo