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Oposição venezuelana perdeu o referendo mas obteve mais de cinco milhões de votos

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postado em 16/02/2009 17:04
Apesar de perder o referendo sobre a emenda constitucional, a oposição da Venezuela obteve seu melhor resultado nas urnas e está mais unida, mas ainda tem dúvidas sobre a apresentação de um projeto político alternativo, opinaram analistas nesta segunda-feira (16/2). A emenda constitucional que permitirá ao presidente Hugo Chávez apresentar-se novamente ao cargo en 2012, foi aprovada domingo (15/2) com 6.003.594 votos (54,36%); contra ele votaram 5.040.082 cidadãos (45,63%) - número considerado um recorde para a oposição. "Há sinais que permitem pensar que se está consolidando uma parte muito importante do país, ou quase que a metade está se opondo a políticas do presidente Chávez", disse à AFP Saúl Cabrera, da empresa Consultores 21. Para o professor de Estudos Internacionais, Carlos Romero, "a oposição venezuelana está melhor do que se pensa" depois de ter perdido. Está mais fortalecida e avança alguns passos no cenário político nacional, explicou. Com a ajuda do movimento estudantil, a oposição constituiu uma plataforma unitária que já lhe havia permitido ganhar o referendo sobre a reforma constitucional de 2007 - que também incluía a reeleição - e obter triunfos importantes nas eleições regionais de 2008. "Ganhou votos em termos absolutos e do ponto de vista percentual é muito importante. Isso é uma conquista. Novamente a oposição tem um olhar nacional. Deu mostras de unidade que não havia sido visto em outros pleitos", disse Romero. Com a ativa participação de Chávez na campanha pela emenda e a vinculação direta da propaganda com os programas sociais governamentais, a votação de domingo não escapou da polarização que converteu todas as eleições na Venezuela em plebiscito sobre a figura do presidente. Depois de campanha eleitoral que os dirigentes opositores qualificaram de luta entre Davi e Golias pelo uso de recursos do Estado para apoiar o "sim", o secretário-geral do partido opositor Copei, Luis Planas, ressaltou o valor dos votos obtidos pelo "não". "Lutamos contra muito dinheiro, contra um Estado que se converteu em partido político (...) Essa vitória conquistada com todo o abuso não deve ser entendida como vitória esmagadora sobre as forças democráticas venezuelanas", advertiu.

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