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Entrevista Phillip Koch: cientista conta como criou fonte de células nervosas

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postado em 18/02/2009 07:40
Cientistas liderados pelo alemão Phillip Koch conseguiram produzir células-tronco do cérebro ; uma fonte inesgotável de células nervosas ; a partir de células-tronco embrionárias. Em entrevista ao Correio, ele explicou como a façanha do Instituto de Neurobiologia Reconstrutiva da Universidade de Bonn pode mudar a medicina regenerativa. Como o senhor conseguiu produzir células-tronco do cérebro a partir de células-tronco embrionárias? Nosso estudo incluiu um protocolo de diferenciação multipassos. O importante para a derivação desse tipo específico de célula-tronco do cérebro é isolar as primitivas células rosetas durante o procedimento de diferenciação e colocá-las sob condições definidas como monocamada (normalmente, elas são cultivadas como se fossem neuroesferas flutuantes). É a primeira vez que a ciência consegue criar esse tipo de células neurais após manipular as células-tronco embrionárias? Não. Vários cientistas têm mostrado que as células-tronco neurais podem ser derivadas de células-tronco embrionárias humanas. A principal vantagem desse estudo é que fomos capazes de isolar um tipo muito primitivo de célula-tronco do cérebro. Além disso, esse tipo de célula primitiva pode ser indefinidamente expandido sem perder seu potencial (que é o de gerar alto de conteúdo de células nervosas e responder a fatores que permitam a criação de diferentes subtipos de células nervosas). De que modo os senhores combinaram células-tronco somáticas e embrionárias nesse estudo? A célula-tronco do cérebro é, em princípio, uma célula-tronco somática. As células-tronco do cérebro têm sido isoladas de cérebros de embriões e de adultos. As células deste estudo se assemelham às propriedades das células-tronco do cérebro, que podem ser encontradas no cérebro dos embriões. Quais seriam as aplicações clínicas dessa pesquisa na área da medicina regenerativa? Em um futuro distante, essas células poderiam ser usadas para reconstruir áreas do cérebro afetadas por doenças neurodegenerativas, como mal de Parkinson. No entanto, isso ainda é uma meta a longo prazo. Em breve, essas células poderão ser usadas para estudar doenças e desenvolver a interação de drogas com as doenças. Apesar dessa descoberta extraordinária, há várias questões éticas envolvendo o uso de células-tronco embrionárias. Como o senhor vê isso? As células-tronco embrionárias são as mais potentes células que conhecemos. No futuro, nós gostaríamos de usar também populações de células que são eticamente viáveis. As células reprogramadas que podem ser derivadas de células adultas (como a pele) parecem ser uma alternativa atraente. Recentes descobertas mostram que essas células reprogramadas se comportam de modo muito parecido com as células-tronco embrionárias. No entanto, ainda precisamos das embrionárias para entender como a reprogramação está funcionando.

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