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Assassinato de Politkovskaia: suspeitos absolvidos e o mistério continua

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postado em 19/02/2009 14:20
MOSCOU - O júri absolveu nesta quinta-feira (19/02) os supostos cúmplices do assassinato da famosa jornalista russa Anna Politkovskaia após três meses de um processo que não esclareceu os motivos do crime, nem a identidade do autor principal. Os dois irmãos chechenos, Djabraïl e Ibraguim Makhmoudov, foram liberados. Eles eram suspeitos de ter perseguido Politkovskaia e de ter levado ao local do crime o assassino, o irmão deles Roustam que até agora não foi detido. O veredicto de absolvição envolve também o ex-policial Sergueï Khadjikourbanov suspeito de ter organizado a logística do assassinato, e o ex-agente do FSB (Serviços federais de segurança) Pavel Riagouzov que compareceu por acusações de extorsão e abuso de poder não diretamente ligadas ao assassinato. "Os acusados foram liberados pelo tribunal", anunciou Alexandre Mintchanovski, o porta-voz do tribunal militar de Moscou onde o processo estava em andamento desde meados de novembro de 2008. Os filhos de Politkovskaia escutaram o veredicto em silêncio e seus advogados voltaram a denunciar o fato de a investigação não ter esclarecido o assassinato da jornalista em outubro de 2006. "Tudo ainda está diante de nós e a Promotoria vai ter de ativar sua ação", declarou Karinna Moskalenko. "Queremos os verdadeiros assassinos, queremos detê-los e vamos conseguir", acrescentou, denunciando "uma investigação injusta". Ao final de três meses de processo, o júri apenas reconheceu a evidência: a jornalista foi de fato assassinada. Depois da leitura da decisão do júri, os acusados gritaram "obrigada", enquanto a mãe dos irmãos chechenos desabava em lágrimas. "Obrigada a todos, graças a Deus. Estamos felizes", disse à imprensa, Ibraguim Makhmoudov. O jornal para o qual trabalhava Politkovskaia prometeu por sua vez nesta quinta-feira de continuar atrás dos assassinos. "Vamos dar continuidade ao que já estamos fazendo: procurar os culpados, apesar de eu ser pessimista", disse o redator da Novaïa Gazeta, Sergueï Sokolov. A Promotoria indicou imediatamente que apelaria do veredicto. A organização da defesa da imprensa Repórteres sem Fronteiras (RSF) disse por sua vez em um comunicado que o veredicto era "a consequência de uma investigação incompleta e transmitida prematuramente à justiça". As primeiras audiências do processo haviam começado com um escândalo. O juiz tentou impor regime de portas fechadas ilegalmente. Ele teve de reunir depois de ter sido denunciado por um jurado. As ONGs tinham denunciado uma investigação incompleta e o fato de o processo ter acontecido num tribunal militar de Moscou em razão da presença do ex-agente do FSB entre os acusados. Anna Politkovskaia, jornalista da oposição na Novaïa Gazeta, uma das raras a ter continuado a cobrir a guerra na Chechênia e as violações dos direitos humanos, foi assassinada a tiros em 7 de outubro de 2006 em sua casa em Moscou.

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