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Netanyahu é designado oficialmente para formar novo governo em Israel

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postado em 20/02/2009 17:12
O líder conservador israelense Benjamin Netanyahu foi encarregado nesta sexta-feira (20/2) pelo presidente Shimon Peres de formar um novo governo de Israel. O anúncio foi feito depois que a líder do partido centrista Kadima, Tzipi Livni, descartou publicamente a participação de sua formação em um governo dirigido por Netanyahu. "O presidente tomou sua decisão no que diz respeito à formação do governo e a presidência convocará o deputado Benjamin Netanyahu para confiar-lhe esta tarefa", afirma um comunicado oficial. Peres havia convocado separadamente para uma reunião os dois políticos, para convencê-los a formar um governo de união nacional, destacando a necessidade de formar um gabinete com estas características, dada a importância dos desafios que Israel vem enfrentando. Classificando o gabinete previsto por Netanyahu de "governo sem visão política", Livni afirmou: "tal governo não tem nenhum valor e eu não serei sua avalista". A líder centrista reiterou que seu partido "quer uma solução de paz baseada em dois Estados", um palestino e outro israelense, e acusou o futuro governo de Netanyahu, formado com o apoio da extrema-direita, de se opor a isso. "Netanyahu quer nossa participação para estabilizar seu governo. Mas não a terá. A coalizão que ele planeja prejudica nosso país", declarou ao jornal Haaretz. Haim Ramon, dirigente do Kadima e vice-ministro do atual governo, também descartou a participação de seu partido em um governo que "rejeita o princípio de dois Estados para dois povos", em referência à criação de um Estado palestino. "Não aceitarei participar nesse governo com o único objetivo de salvar Bibi (Netanyahu) de si mesmo e de seus aliados", enfatizou Livni. Netanyahu havia afirmado, no entanto, estar disposto a convidar Livni para entrar em seu gabinete "devido aos grandes desafios que Israel enfrenta: Irã, terrorismo e crise econômica". "Faço um apelo a Tzipi Livni e a Ehud Barak, líderes do Kadima e do Partido Trabalhista, para unir esforços e atuar juntos. Vocês serão os primeiros com quem me reunirei para falar da formação de um governo de união o mais amplo possível", declarou 'Bibi'. Segundo a rádio pública israelense, Netanyahu e Livni marcaram uma renião por telefone para o próximo domingo (22/2). Para alguns analistas, Benjamin Netanyahu quer evitar ficar preso às exigências de seus aliados da extrema direita, que poderiam, além de engessar suas ações no campo político, provocar tensões com a administração americana do presidente Barack Obama. Por este motivo, afirmam, o futuro primeiro-ministro agora se mostra "generoso" com Livni, propondo que seu partido assuma os ministérios das Relações Exteriores (ocupado por Livni no governo de Ehud Olmert) e da Defesa (ocupado por Barak), segundo a imprensa. O departamento de Estado americano afirmou, por sua vez, que os Estados Unidos têm a intenção de trabalhar com o próximo governo, "seja qual for sua composição". Logo após ser encarregado de formar o governo, Netanyahu insistiu na tese de que o Irã é atualmente o maior dos desafios que seu país tem pela frente. "Israel atravessa um período crucial e deve enfrentar desafios colossais. O Irã busca dotar-se de armas nucleares e constitui a ameaça mais grave para nossa existência desde a guerra da independência" (de 1948), afirmou Netanyahu. Nas eleições legislativas de 10 de fevereiro, o partido Kadima obteve 28 cadeiras, uma a mais que o Likud. Mas Netanyahu é o único neste momento que pode formar uma coalizão, por contar com o apoio de 65 dos 120 deputados que integram a Knesset. Depois de ser oficialmente designado, Netanyahu disporá de um prazo de 28 dias, prolongáveis por mais 14, para apresentar sua proposta de governo ao Parlamento. Netanyahu, que desde o início se opôs aos acordos de paz de Oslo com os palestinos em 1993, reduziu seu alcance quando foi primeiro-ministro (1996-1999), retomando em grande escala a colonização judaica nos territórios palestinos. Hostil à criação de um Estado palestino, se manteve, no entanto, impreciso sobre suas intenções durante esta campanha eleitoral.

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