postado em 21/02/2009 08:07
Em entrevista ao Correio, o birmanês Phyo Myint -- professor de medicina do derram e do envelhecimento da Universidade East Anglia (Reino Unido), explicou como atribuiu um sistema de pontuação para analisar o estilo de vida de 20,040 adultos e determinar os riscos de derrame. E revelou que uma pessoa com hábitos pouco saudáveis tem 2,3 vezes mais chances de sofrer um acidente vascular cerebral.
Como o senhor descobriu que o estilo de vida dobra o risco de derrame? Quantos pacientes foram acompanhados e como os hábitos deles foram monitorados?
Nós fizemos um estudo de observação longitudinal baseado na população para examinar a associação entre os comportamentos de estilos de vida e a ocorrência de derrame em mais de 20 mil adultos entre 40 e 79 anos. Nós avaliamos o estilo de vida deles usando um questionário com base na saúde e no estilo de vida, junto a uma análise da vitamina C no sangue como indicador do consumo de frutas e vegetais.
Como funcionou a escala de pontos usadas em sua pesquisa?
Nós usamos o seguinte sistema de pontuação de comportamento saudável. Os não-fumantes adicionariam um ponto. Em relação às atividades físicas, os não-inativos também valeriam um ponto. Isso inclui pessoas que tenham uma ocupação sedentária, mas gastam meia hora de seu tempo de lazer diário com exercícios, como ciclismo ou natação. Ou pessoas que não exerçam ocupação sedentária e tenham ou não uma atividade de lazer. Em relação ao consumo de álcool, menos de 14 unidades por semana equivalem a um ponto. Uma unidade seria o mesmo que 8g de álcool ; isso é, um copo de vinho, uma taça pequena de conhaque, uma única dose de aguardente ou meia caneca de chope. Em relação ao consumo de frutas e vegetais, cinco porções ou mais ; como indicadas na concentração de vitamina C no sangue ; representam um ponto. A principal descoberta do estudo é que, após controlarmos os outros fatores de risco em potencial, as pessoas que marcaram zero ponto tiveram 2,3 vezes mais chances de sofrer um derrame, comparadas com voluntários que registraram quatro pontos. A combinação de comportamentos saudáveis adicionou impacto potencial e as observações da população parecem indicar diferenças substanciais no risco de derrame associado com diferenças relativamente modestas em comportamentos.
Qual é a relação direta entre derrame e estilo de vida?
Nosso estudo não examinou porque esses comportamentos de estilo de vida estão ligados ao risco de derrame. Há alguma evidência que sugere que esses comportamentos podem ter efeito em outro risco de derrame, como o aumento da pressão sanguínea. De qualquer modo, os riscos relativos reportados foram independentes desses fatores. É provável que fatores biológicos adicionais possam estar envolvidos.
Qual é a importância desse estudo e o potencial para a compreensão das causas do derrame?
A mensagem-chave é a de que o derrame é uma condição capaz de ser prevenida. Junto com o corpo de evidências substanciais sobre comportamentos modificáveis e risco de derrame, a pesquisa fornece mais coragem para que uma parcela maior da população faça mudanças viáveis rumo a comportamentos de saúde mais positivos, capazes de reduzir os índices de derrame.