postado em 27/02/2009 14:12
BAGDÁ - O Iraque se disse tranquilo em relação à competência de seu exército e da polícia de garantir a ordem no país após a retirada dos soldados americanos decidida pelo presidente Barack Obama, mesmo se suas forças de segurança ainda sofram lacunas importantes.
"Temos confiança em nossas forças armadas e em nossos serviços de segurança para proteger o país e consolidar a segurança e a estabilidade, e não tememos a retirada das tropas americanas", declarou na quinta-feira o primeiro ministro Nouri al-Maliki.
Obama anuncia nesta sexta-feira a retirada da maior parte dos soldados americanos do Iraque até o final de agosto de 2010 para deixar no país uma força residual antes da saída total programada para antes do final de 2011.
Totalmente desmantelados pelos americanos após a invasão de 2003, o exército e a polícia iraquianos foram reconstituídos do nada num momento em que a insurreição crescia e que os conflitos religiosos destruíam o país. Hoje, a polícia dispõe oficialmente de 560.000 agentes.
"Não há dúvidas de que as forças iraquianas são capazes de garantir a segurança do país. Nós já as testamos e elas são capazes de assumir suas responsabilidades e de enfrentar as ameaças", declarou o porta-voz do ministério do Interior, general Abdel Karim Khalaf.
O ministério da Defesa, que conta hoje com 260.000 soldados, programa-se para reunir um exército de 300.000 homens, dotado de equipamentos modernos, de fuzis de assalto M-16 e de caças F-16, dos quais negocia a compra.
Para esta política ambiciosa, o governo repassará oito bilhões de dólares para as forças de segurança, um item que ocupa lugar de destaque no orçamento do país para 2009 (12,6%).
"Temos autonomia em muitos setores, mas ainda precisamos de ajuda para a vigilância das fronteiras, para a aeronáutica, a marinha, além dos equipamentos sofisticados para serem usados na luta contraterrorista e precisamos progredir seriamente em matéria do serviço e informação", declarou à AFP o assessor iraquiano para a segurança nacional Muaffak al-Rubaïe.
Mas os assessores militares estrangeiros estão menos otimistas. Segundo eles, as carências logísticas ameaçam as capacidades operacionais do exército.
"Se partirmos, hoje, essas forças poderão se defender mas podem se desagregar rapidamente", assegura o comandante australiano John Snell, para quem a rede de abastecimento é a prioridade.
Mesma preocupação para a marinha iraquiana, destruída em 1991 e em via de reconstrução. Ela conta com 2.000 homens, e o objetivo é fazê-la com 6.500 num período de dois a três anos. Mas não poderá ser suficiente para defender as instalações de petróleo vitais para o país antes do final de 2011.
"Será difícil porque começamos a partir do nada, mas penso que nossas capacidades melhorem", afirmou um oficial da marinha iraquiana, que não quis ser identificado.
Em várias províncias relativamente pacificadas, as forças iraquianas foram apoiadas eficazmente por 100.000 membros das "Sahwa", ex-rebeldes sunitas pagos pelo governo iraquiano, após os americanos, para combater a Al-Qaeda.
As províncias de Diyala e Nínive, dois bastiões da Al-Qaeda, ainda permanecem como uma verdadeira preocupação, a despeito das operações militares conjuntas com os americanos.