postado em 28/02/2009 08:10
Cientistas britânicos debatem se é ou não ética a realização de transplantes de laringe, órgão onde a voz é produzida. O órgão transplantado seria desenvolvido a partir de células-tronco, que se multiplicariam sobre a estrutura básica da laringe de um doador. Isso evitaria a necessidade de o paciente tomar remédios antirrejeição. A colombiana Claudia Castillo passou por procedimento semelhante ano passado, quando fez um transplante de traqueia, e agora pode ter uma vida normal.
A laringe cria e controla o som por meio da interação de músculos e cartilagens com as cordas vocais. Quando, por causa de traumas ou tumores, ele necessita ser removida numa cirurgia chamada laringectomia, o paciente precisa conviver com um buraco permanente no pescoço que o permite respirar ; a traqueostomia. A cada ano, estima-se que apenas no Reino Unido cerca de 1.000 pessoas tenham a laringe, conhecida como ;caixa de voz; do corpo humano, retirada.
Enquanto restaurar as funções dos nervos e músculos da laringe continua sendo um dos principais impedimentos para a realização do procedimento com células-tronco, os pacientes têm a opção de viver com uma voz artificial. Para isso, ou uma máquina de vibração é colocada na garganta do paciente, ou um pequeno dispositivo é inserido na traqueostomia e ativado quando se tampa o buraco no pescoço.
O líder da pesquisa, professor Martin Birchall, da University College London, liderou o transplante de traqueia de Claudia Castillo. Para ele, o principal questionamento envolve mais fatores éticos do que técnicos: ;Temos que nos perguntar se é certo sujeitar um paciente aos riscos da cirurgia por um procedimento que não é para salvar vidas;.
Complicações são evitadas
O otorrinolaringologista Vicente Melucci explica que a polêmica em relação à mudança de voz é descartável para quem pode ter a chance de voltar a falar: ;Quem está querendo uma traqueia, uma laringe, quer é falar, respirar. O que menos interessa é como vai ficar a voz do paciente;. Para o médico, o fato de a pessoa não precisar de traqueostomia e sofrer com as complicações trazidas por ela, como infecções pulmonares, já tornam o possível procedimento interessante.
O único transplante de laringe já realizado ocorreu nos EUA, em 1998. O paciente, que tomou drogas antirrejeição, recuperou o paladar e o olfato. Mas respira por meio de traqueostomia.
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