postado em 28/02/2009 15:07
BUENOS AIRES - Os Estados Unidos informaram à Argentina, por três canais diferentes, em 24 horas, que o comentário negativo do chefe da CIA sobre os efeitos da crise no país sul-americano não reflete a opinião do governo de Barack Obama.
O próprio diretor da CIA, León Panetta, pediu desculpas ao governo argentino por ter mencionado o país entre aqueles cuja estabilidade corre risco na atual crise econômica global, segundo o embaixador argentino em Washington, Héctor Timerman.
Esta desculpa coincidiu com a publicação na sexta-feira em Buenos Aires de declarações do responsável americano para as relações com a América Latina, Thomas Shannon, e com as explicações que o embaixador dos Estados Unidos, Earl Wayne, deu ao chanceler argentino Jorge Taiana, em Buenos Aires.
"O que o chefe da CIA disse não reflete a opinião do governo dos EUA", disse Shannon ao jornal La Nación.
Panetta, consultado quarta-feira pela imprensa em Washington sobre os países da América Latina que estavam sendo observados pelos americanos, ele respondeu que a preocupação envolvia particularmente a Argentina, o Equador e a Venezuela", segundo uma transcrição divulgada pela CIA.
O governo argentino disse quinta-feira que este comentário representou uma "ingerência inaceitável em assuntos internos", nas palavras do chanceler Taiana, que convocou o embaixador americano Wayne para pedir-lhe explicações.
O diplomata disse, no dia seguinte, a Taiana, que a menção que incomodou o governo argentino "não foi uma expressão da opinião do governo dos Estados Unidos sobre a Argentina". "O diretor da CIA simplesmente se referiu a comentários feitos a ele por um funcionário estrangeiro", declarou.
O embaixador argentino, Timerman, contou a conversa que teve com Panetta, neste sábado, de Washington, à agência estatal de notícias argentina Télam.
"Ontem à tarde León Panetta me chamou e disse que queria pedir desculpas à presidente (Cristina Kirchner) e à Argentina em geral, porque o que disse na entrevista à imprensa não é a opinião nem dele, nem da CIA, nem do governo dos EUA", afirmou Timerman.
Panetta admitiu que "foi um erro dele comentar algo que alguém com quem esteve semana passada havia comentado, sem esclarecer que não era sua visão".
"Panetta disse pra mim "alguém comentou isso comigo, inclusive isto não está no relatório da CIA. O governo dos EUA têm muito boas relações com a Argentina e quer mantê-las", contou Timerman.
"A reação dele foi espontânea, ele me chamou e me pediu desculpas. Eu o agradeço porque não é comum que alguém chame para se desculpar. Realmente ele ficou muito chateado porque tem uma impressão muito boa da Argentina e cometeu um erro", acrescentou Timerman.