postado em 02/03/2009 07:53
PEQUIM - O colecionador chinês de antiguidades que adquiriu as duas relíquias de bronze reclamadas por Pequim no leilão da coleção de arte de Yves Saint Laurent e Pierre Bergé, celebrado semana passada em Paris, afirmou que não tem recursos para pagar pelas obras.
O Fundo do Patrimônio Nacional da China, organismo responsável por recuperar relíquias chinesas no exterior, divulgou um comunicado assinado por Cai Mingchao, um dos conselheiros da entidade e diretor de uma casa de leilões em Xiamen (sudeste), no qual ele informa que é o comprador das duas estatuetas.
"Acredito que qualquer chinês teria se levantado neste momento. Tento fazer todo o possível para enfrentar minhas responsabilidades", afirma Cai. "Porém, devo destacar que o dinheiro não pode ser pago", acrescentou.
"Desde que aconteceu a venda surgiram muitas especulações para saber quem era o comprador. Anuncio que o comprador é um chinês que deve ser admirado", declarou Niu Xianfeng, diretor adjunto do fundo.
"Queremos ressaltar novamente, como fez Cai Mingchao, que este dinheiro não pode ser pago". No entanto, o comunicado não revela se Cai não pagará por não ter o dinheiro ou por uma questão de princípio.
Os dois bronzes chineses reclamados por Pequim foram vendidos por um total de 28 milhões de euros na quarta-feira passada durante os leilões da coleção Yves Saint Laurent-Pierre Bergé em Paris.
Tratam-se das cabeças de rato e coelho em bronze da coleção de arte de Yves Saint Laurent, símbolo de humilhação na China porque recordam um dos piores episódios da invasão do país por tropas da França e Grã-Bretanha, potências coloniais em 1860.
As peças em bronze procedem da fonte zodiacal do Palácio de Verão do imperador Quianlong (1735-1795), noroeste de Pequim, saqueado em 1860 por soldados franceses e britânicos.
O governo da China tentou impedir a venda das duas peças, mas a justiça francesa rejeitou o pedido apresentado por advogados chineses.
Em 2006, Cai comprou por 15 milhões de dólares uma estátua de Buda da dinastia Ming, durante um leilão celebrado em Hong Kong.