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Em artigo, Fidel ataca políticos afastados

Ex-líder acusa ex-chanceler Felipe Pérez Roque e o ex-vice-presidente Carlos Lage de exercerem ;papel indigno;. Eles e oito colegas foram removidos do Conselho de Estado, órgão máximo do poder na ilha

postado em 04/03/2009 07:40
;Não era em absoluto ausência de valor pessoal. A razão era outra. O mel do poder pelo qual não conheceram sacrifício algum despertou neles ambições que os conduziram a um papel indigno;, disse ontem o ex-líder cubano Fidel Castro, em aparente referência ao ex-chanceler Felipe Pérez Roque e ao ex-vice-presidente do país Carlos Lage ; os membros mais jovens do gabinete que não participaram das lutas revolucionárias. ;Nenhum dos dois mencionados pelas agências de notícias como os mais afetados (Lage e Roque) pronunciou uma palavra para expressar inconformidade alguma;, ressaltou Fidel, que também acusou os dois políticos de encher de ilusões o ;inimigo externo;. Na segunda-feira, o presidente cubano, Raúl Castro, começou a embaralhar as cartas e a redistribuir as principais figuras do alto escalão do governo, como Roque, Lage e o ministro da Economia, Jose Luis Rodríguez. Outras 10 substituições foram anunciadas para o Conselho de Estado, órgão máximo do poder cubano. Os três principais afastados eram muito identificados com o governo de Fidel Castro e chegaram a ser cogitados como possíveis sucessores do líder revolucionário. Na tarde de ontem, Fidel publicou um artigo na coluna ;Reflexiones; do jornal Granma, onde explicou as mudanças e desmentiu rumores de oposição entre ele e o irmão. Lage, de 57 anos, foi um dos responsáveis por salvar a economia cubana depois do colapso da União Soviética. Atuava como um dos cinco vice-presidentes abaixo de Raúl Castro e ocupou cargo de secretário do Conselho de Ministros. Roque, de 43 anos, foi assessor pessoal de Fidel Castro e ex-líder da organização jovem do Partido Comunista. Na última década, exerceu o cargo de ministro das Relações Exteriores. Planejamento Para o professor do Núcleo de Estudos Cubanos (Nescuba) da Universidade de Brasília (UnB) Hélio Doyle, nada ocorre por acaso em Cuba. ;É tudo muito bem planejado e discutido antes de ser anunciado. É impensável que essas mudanças sejam feitas à revelia de Fidel. Isso criaria uma oposição entre Fidel e Raúl que não existe, o que existe são diferenças no estilo;, disse ao Correio. Brian Latell foi o diretor da Agência Central de Inteligência (CIA) para a América Latina, entre 1990 e 1994, e hoje é pesquisador da Universidade de Miami. Autor do livro Cuba sem Fidel, ele revelou ao Correio, por e-mail, que Raúl e Roque nunca tiveram um relacionamento próximo. ;Pérez Roque era seguidor de Fidel. Seu estilo pessoal tendia à confrontação e era brusco. Esse não é o estilo de Raúl.; De acordo com o ex-diretor da CIA, Raúl provavelmente busca alguém que represente melhor o Ministério de Relações Exteriores perante os países latino-americanos ; mais próximos de Cuba ;, e, possivelmente, perante os Estados Unidos. Outro ponto que os dois especialistas ressaltam na mudança realizada por Raúl é o enxugamento do número excessivo de ministérios, uma herança da ex-União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). ;A necessidade de uma eficiência e produtividade maiores tem sido constante nas mensagens de Raúl aos cubanos. Isso se deve à terrível condição da economia;, afirmou Latell. O especialista da UnB sugere que descobrir as novas posições de Lage e Pérez no governo poderá ser uma pista valiosa para entender o jogo cubano. ;A chave da questão é saber para onde eles vão;, diz Doyle.
Revolução em marcha O governo em Cuba é dirigido pela Assembleia Nacional do Poder Popular. Conheça a estrutura hierárquica na ilha caribenha e saiba quais foram as mudanças implementadas por Raúl Castro Organização do poder Assembleia Nacional do Poder Popular Órgão máximo do poder estatal, representa a vontade do povo e detém autonomia legislativa. Formada por deputados eleitos por voto livre, direto e secreto, para um mandato de cinco anos Conselho de Estado Integrado pelo presidente (chefe de Estado e de governo), primeiro vice-presidente, cinco vice-presidentes, um secretário e 23 membros. Tem caráter colegiado e é a máxima representação nacional e internacional do Estado cubano. As decisões são adotadas por maioria simples. O mandato expira com a posse do novo Conselho de Estado eleito pela Assembleia Nacional Conselho de Ministros Máximo órgão executivo e administrativo. Integrado pelo chefe de Estado e de governo, primeiro vice-presidente, os vice-presidentes, os ministros, o secretário e os demais membros que a lei determinar Conselho de Defesa Nacional Conselhos Populares Órgãos de poder local
As alterações no governo Chanceler # Bruno Rodríguez, jornalista, 51 anos. Membro do Comitê Central do Partido Comunista. Foi embaixador na ONU e vice-chanceler para a América Latina. Substituiu Felipe Pérez Roque. Ministro de Comércio Interior # Jacinto Angulo Prado, engenheiro industrial e militante do Partido Comunista de Cuba (PCC). Em 1998 foi nomeado vice-ministro do Mincin Ministra de Indústria Alimentícia # Maria del Carmen Concepción Gonzalez. Formada em História e Ciências Sociais. Deputada da Assembleia Nacional. Foi a primeira secretária do Comitê Provincial do PCC de Pinar del Río Ministra do Trabalho e Seguridade Social # Marlene Gonzalez Fernandez. Engenheira industrial, de origem camponesa. Em 2001 foi nomeada vice-ministra do MTSS Ministro de Comércio Exterior e Investimento Estrangeiro # Rodrigo Malmierca Díaz. Economista, foi embaixador de Cuba perante a ONU Ministro de Ciência, Tecnologia e Meio-ambiente # José Miguel Miyar Barruecos. Médico e deputado da Assembleia Nacional, foi combatente do Exército rebelde Ministra de Finanças e Preços # Lina Olinda Pedraza Rodríguez. Formada em Controle Econômico, foi deputada da Assembleia Nacional Ministro de Indústria Sidero-Mecânica # General de Brigada Salvador Pardo Cruz. Engenheiro Radiotécnico, militante do PCC e oficial superior das Forças Armadas Revolucionárias Ministro de Economia e Planejamento # Marino Alberto Murillo Jorge. Economista e militante do PCC. Foi vice-ministro de Economia

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