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Darfur: rebeldes de movimento recusam-se a negociar com Cartum

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CAIRO - O Movimento para a Justiça e a Igualdade (JEM), grupo rebelde de Darfur que assinou um pré-acordo com Cartum, anunciou nesta quarta-feira (04/03) que não é mais possível negociar com o governo sudanês, após o mandato de prisão expedido contra o presidente Omar el-Béchir. "Não acho que seja eticamente possível negociar com alguém que cometeu crimes e perdeu sua legitimidade", declarou Ahmed Tugod Lissan, principal negociador do JEM e secretário encarregado de assuntos políticos do movimento rebelde. "A realidade é que o Sudão não tem o poder de levar a paz e a estabilidade a Darfur", região do oeste do país que enfrenta uma guerra civil há seis anos, acrescentou. "Consideramos que este dia é um grande dia para o povo do Sudão e o povo de Darfur", reagiu, antes, Mohammed Hussein Charif, um outro representante do JEM. Em fevereiro, o governo sudanês e o JEM haviam assinado uma carta de intenção voltada para o fim das hostilidades em Darfur, um documento que abriria caminho para a realização de uma conferência de paz. Em seis anos, o conflito em Darfur fez 300.000 mortos, segundo a ONU. Cartum cita, por sua vez, um número de 10.000 mortos nos combates.