postado em 05/03/2009 07:44
Planície de Tunguska, Sibéria, 30 de junho de 1908. Um meteorito produz uma explosão ouvida a 600km de distância, dizima 80 milhões de árvores, carboniza uma área de 2.150km2 e provoca um terremoto de cinco graus na escala Richter. Oceania, sábado passado. Astrônomos do Siding Spring Observatório, na Austrália, detectam a aproximação do 2009 DD45, asteroide de 20m de comprimento. Dois dias depois, ele rasga o espaço a apenas 45 mil milhas (72.420km) sobre a Terra. O incidente lançou debate sobre a vulnerabilidade da raça humana diante dos gigantescos bólidos errantes.
Como se antecipar ao perigo que vem do céu? O norte-americano Frank Wilczek, cientista do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, pela sigla em inglês) e ganhador do Prêmio Nobel de Física em 2004, afirmou ao Correio que as previsões sobre a aproximação de um meteorito são difíceis. ;O rastreamento de asteroides envolve observações muito acuradas e cálculos elaborados de gravidade newtoniana;, explicou, em entrevista por e-mail. ;A elaboração de estratégias para ;cutucar; os mais perigosos é um problema bastante interessante e não-trivial para a física aplicada;, reconheceu Wilczek.
Também por e-mail, o astrônomo Donald K. Yeomans, gerente do Escritório do Near-Earth Object Program (NEO) da Nasa (agência espacial norte-americana), afirmou que se um asteroide do tamanho do 2009 DD45 colidisse com a Terra provocaria uma explosão na atmosfera e liberaria uma energia equivalente a 2 milhões de toneladas de trinitroglicerina (TNT). ;Esse objeto era relativamente pequeno para os padrões celestiais;, afirmou o especialista.
Segundo Yeomans, o programa da Nasa envolve três observatórios ; no sudeste dos Estados Unidos e o Siding Spring ; e busca monitorar a trajetória de 90% dos asteroides próximos à Terra e com diâmetro maior que 1km. ;Essa meta tem sido alcançada e nenhum desses objetos representa ameaça a curto prazo para o nosso planeta;, garantiu. ;Esses objetos podem ser rastreados no futuro e servir de parâmetros para possíveis colisões.;
Imagens de uma região do céu são tiradas a cada 15 minutos pelos telescópios, o que permite acompanhar a posição dos objetos. No caso de um asteroide entrar em rota de choque com o planeta, Yeomans afirma que uma espaçonave poderia colidir com o bólido e reduzir sua velocidade até evitar o impacto com a Terra.