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Entrevista: descobridor de asteroide que passou perto da Terra fala ao Correio

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postado em 05/03/2009 07:45
Ele descobriu e deu nome ao cometa McNaught. No sábado passado, detectou pela primeira vez o asteroide 2009 DD45. Dois dias depois, em 2 de março, o objeto celeste passou rasgando o céu a apenas 72.420km da Terra. O escocês Robert H. McNaught, responsável pelo Uppsala Telescope, do Observatório Siding Spring, e professor da Universidade Nacional Australiana, falou ao Correio sobre o 2009 DD45 e sobre os riscos representados pelos asteroides. Como e quando exatamente o senhor descobriu o asteroide 2009 DD45 e a que distância ele estava da Terra quando foi detectado? O 2009 DD45 foi descoberto em uma busca por asteroides próximos da Terra, parte de um programa internacional de proteção espacial. O telescópio na Austrália está situado no Siding Spring Observatory. Trata-se de um pequeno telescópio com apenas 50cm de diâmetro. Fizemos imagens do céu a cada noite, procurando por novos asteroides. A estratégia é registrar quatro imagens da mesma parte do céu. Um software determina quais objetos na imagem estão se movendo e define se são asteroides conhecidos. Quando encontramos o 2009 DD45, ele estava a 2,2 milhões de km da Terra -- seis vezes a distância da Lua. Se o asteroide colidisse com a Terra, onde seria o local da colisão? E o que ocorreria, na sua opinião? A órbita desse objeto significava que ele poderia nunca ter atingido a Terra. Agora que ele foi descoberto, podemos prever no futuro quando ficará mais próximo da Terra novamente. Não há possibilidade de colisão com o nosso planeta pelos próximos 100 anos. Por ser um pequeno objeto, de 20m a 40m, as consequências prováveis de uma futura colisão seriam localizadas, apenas sobre uma região de poucos quilômetros. Para termos uma ameaça global, seria preciso um meteorito de pelo menos 100m de diâmetro. Como é possível para a ciência proteger a Terra desses objetos gigantescos? Eles se movem órbitas previsíveis. Por isso, quando o descobrimos e o rastreamos, podemos prever quando uma colisão pode ocorrer. A maior ameaça já conhecida (1 em 300) é de um grande objeto (alguns quilômetros de comprimento) no ano 2880. Se uma colisão for prevista para daqui a algumas décadas, então uma missão espacial para desviar sua órbita é bem possível. E um prazo menor, o melhor que poderíamos fazer seria esvaziar a área ameaçada.

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