postado em 05/03/2009 20:02
O presidente Barack Obama esbanjou nesta quinta-feira confiança em ter sucesso onde seus predecessores fracassaram e finalizar este ano a reforma - politicamente arriscada - de um sistema de saúde que custa muito caro aos cofres públicos e esquece dezenas de milhões de americanos.
Obama apresentou esta reforma como uma necessidade tanto social como financeira, em um período de grave crise econômica, ao abrir nesta quinta-feira na Casa Branca uma reunião da qual participaram cerca de 150 pacientes, médicos, parlamentares, especialistas e funcionários da saúde.
"A reforma do sistema da saúde não é apenas um imperativo moral, é também um imperativo financeiro. Se quisermos criar empregos, reconstruir nossa economia e controlar nosso orçamento federal, temos de diminuir o custo exorbitante do sistema de saúde este ano, durante este governo", declarou Obama.
O presidente lembrou que 46 milhões de americanos estão desprovidos de cobertura médica. Os custos relacionados à saúde levam uma família americana a se declarar em estado de falência pessoal a cada 30 segundos, afirmou.
Além disso, o sistema americano de saúde, financiado por fundos públicos e privados, também custa muito caro aos cofres públicos e "derruba nossas empresas".
"Trata-se de uma das mais graves ameaças aos próprios fundamentos da economia", afirmou.
Barack Obama pretende cumprir duas grandes promessas: a de dar uma cobertura médica a todos os americanos e a de reduzir pela metade um gigantesco déficit público em um período de quatro anos.
Obama admitiu a dificuldade de uma tarefa que a administração Clinton não conseguiu cumprir nos 90. Ele se referiu a este fracasso ao criticar os "interesses particulares", ou seja, todos os grupos de pressão e a indústria, que impediram a aplicação da reforma naquela época.
"Hoje a situação é diferente", sentenciou o presidente, que tem, por enquanto, o apoio quase incondicional da opinião pública.
Obama destacou que todos os atores do setor da saúde, tanto pacientes e médicos como sindicatos, empresas e seguradores, defendem a necessidade de uma reforma.
"Desta vez, o debate não é saber se todos os americanos deveriam poder contar com uma cobertura médica de qualidade, mas de saber como alcançar esta meta. O objetivo desta reunião é começar a responder a esta pergunta, e nosso objetivo é finalizar antes do fim deste ano uma reforma do sistema de saúde que beneficie a todos os americanos", declarou.
O governo quer tirar as lições do fracasso sofrido pela administração Clinton. É por isso que começou a trabalhar na reforma logo no início da presidência abrindo um grande debate entre todas as partes envolvidas, em vez de apresentar um projeto pronto depois de vários meses, como fizera a então primeira-dama Hillary Clinton, hoje secretária de Estado.
Obama designou esta semana uma nova secretária da Saúde, Kathleen Sebelius, e criou um cargo de alto nível para o encarregado da reforma, Nancy Ann DeParle, ex-integrante do governo Clinton.
Nesta quinta-feira, o presidente se limitou a apresentar os grandes princípios de uma reforma. "Não haverá tabus nesta discussão, e o status quo é a única opção que não está na mesa. Os que buscam bloquear a reforma a qualquer custo não vencerão desta vez", garantiu.