postado em 05/03/2009 21:44
Sete meses depois de romper relações com a Rússia por causa da invasão da Geórgia, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) retomou hoje formalmente os laços com Moscou. Depois de um longo debate, os ministros de Relações Exteriores dos países da Aliança Atlântica, reunidos hoje em Bruxelas, concordaram em reativar o Conselho Rússia-Otan, um fórum de debates sobre uma vasta gama de assuntos.
A Lituânia argumentou que a decisão deveria ser adiada até a reunião de chefes de Estado da Otan, marcada para o início de abril. Já a secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, foi contra o adiamento da decisão, dizendo-se favorável a "explorar um novo começo" com a Rússia. Numa entrevista coletiva concedida ao término do encontro de chanceleres, o secretário-geral da Otan, Jaap de Hoop Scheffer, anunciou que o assunto estava resolvido, como já era esperado. "A Rússia é um ator importante, um ator global, e isso quer dizer não nos relacionarmos com ela está fora de cogitação", disse.
A expectativa é de que a reaproximação entre a Otan e a Rússia dê vulto aos esforços do novo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, para estabelecer laços mais fortes com Moscou depois de anos de atrito durante o governo George W. Bush. A retomada das relações ocorre apesar das preocupações da Otan com a postura de Moscou de reafirmação de sua influência regional.
"Nós podemos e devemos encontrar meios de trabalhar construtivamente com a Rússia nas áreas de interesse comum, como a ajuda ao povo do Afeganistão, o controle de armas e a não-proliferação, o combate à pirataria e ao tráfico de drogas e as ameaças representadas pelo Irã e pela Coreia do Norte", disse Hillary antes do encontro. Depois da reunião da Otan em Bruxelas ela seguirá para Genebra amanhã, onde se reunirá com o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov. Dali, Hillary irá para Ancara, Turquia.
Elogios
Funcionários russos elogiaram imediatamente o restabelecimento dos vínculos entre Moscou e a Aliança Atlântica. "Precisamos trabalhar depressa para garantir a estabilidade e a segurança no Afeganistão", disse Dmitry Rogozin, enviado russo à Otan. Segundo ele, a Rússia já se prontificou a cooperar com a Otan no Afeganistão, ao permitir que a Aliança Atlântica use o transporte ferroviário russo para enviar suprimentos à Ásia Central.