postado em 09/03/2009 08:42
SEUL - A Coreia do Norte anunciou nesta segunda-feira que colocou suas tropas em estado de alerta, no primeiro dia de manobras conjuntas dos Estados Unidos e da Coreia do Sul na região, o que o regime comunista considera o prenúncio de uma invasão de seu território.
Pyongyang ameaçou ainda com uma guerra, caso o satélite que pretende lançar em breve seja interceptado, apesar das advertências de Washington e Seul que temem que o disparo envolva na realidade um novo teste de míssil de longo alcance.
"Disparar contra nosso satélite, destinado a fins pacíficos, significará uma guerra", advertiu um porta-voz do Estado-Maior do Exército Popular da Coreia, em um comunicado divulgado pela agência oficial KCNA.
Tóquio, na defensiva desde que a Coreia do Norte disparou em 1998 um míssil que sobrevoou seu território, afirmou estar disposto a derrubar qualquer lançamento norte-coreano em direção ao Japão.
Após o teste de 1998, Tóquio e Washington aceleraram a instalação no Japão de um escudo antimísseis, atualmente operacional.
O exército norte-coreano, formado por 1,2 milhão de homens, foi colocado em estado de alerta porque o regime de Pyongyang comparou a uma agressão as manobras militares anuais dos Estados Unidos e da Coreia do Sul, que começaram nesta segunda-feria e devem prosseguir até 20 de março.
"O objetivo essencial é assegurar que o comando esteja preparado para qualquer acontecimento em caso de necessidade", afirmou em um comunicado o general americano Walter Sharp, comandante das forças combinadas EUA-Coreia do Sul.
Os exercícios militares contam com a participação de 26.000 militares americanos e mais de 30.000 sul-coreanos.
O anúncio norte-coreano acontece em um momento de tensão crescente entre as duas Coreias desde que o Norte anunciou, no fim de janeiro, o cancelamento de todos os acordos políticos e militares com o Sul.
O regime norte-coreano advertiu na semana passada que não poderia garantir a segurança dos voos sul-coreanos sobre seu espaço aéreo por causa dos exercícios militares na Coreia do Sul.
Todas as comunicações militares entre os dois países foram cortadas, segundo uma fonte militar norte-coreano.
Quase 80 sul-coreanos que pretendiam retornar nesta segunda-feira ao complexo industrial conjunto de Kaesong, construído por Seul como símbolo da reconciliação entre os dois países, estavam bloqueados no local. Além disso, centenas de sul-coreanos cancelaram as viagens ao vizinho do Norte, segundo o ministério da Unificação.
No sábado, em Seul, o novo emissário americano para a Coreia do Norte, Stephen Bosworth, afirmou que Washington deseja dialogar com Pyongyang, ao mesmo tempo que pediu ao Norte para renunciar ao lançamento do "foguete".
O Comitê Espacial Nacional da Coreia do Norte anunciou em 24 de fevereiro intensos preparativos "para o lançamento de um foguete Unha-2, destinado a colocar em órbita um satélite de comunicações Kwangmyongsong-2".
Seul e Washington temem que um lançamento deste tipo seja um pretexto para testar um míssil Taepodong-2, que em tese poderia alcançar o Alasca.